Foto: Henrique Coelho/G1
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O vereador Marcello Siciliano (PHS)
chamou, durante entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (9), de
mentirosa a acusação de seu envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco.
“Gostaria
de esclarecer, antes de mais nada, a minha surpresa com relação ao que
aconteceu ontem (terça, 8). A minha relação com a Marielle era muito boa, não
estou entendendo por que esse factoide foi criado contra a minha pessoa. Estou
sendo massacrado nas redes sociais por algo que foi dito por uma pessoa que a
gente não sabe nem a credibilidade que tem. Nunca tivemos conflito político em
região alguma. Ela esteve no meu aniversário. Em Curicica eu não tive muitos
votos”, garantiu Siciliano.
Na última
terça, o jornal O Globo informou, em reportagem, que uma testemunha procurou a
Polícia Federal para falar sobre o caso Marielle. A testemunha teria contado à
PF que o vereador e o ex-PM Orlando Araújo queriam a morte da vereadora
Marielle Franco (PSOL).
Ainda
segundo a publicação, a testemunha decidiu contar o que sabe porque está jurada
de morte. O delator teria sido ameaçado pelo ex-policial militar Orlando
Oliveira de Araújo, que cumpre pena na Cadeia Pública Bandeira Stampa,
conhecida como Bangu 9.
A motivação do crime, de acordo com o depoimento, foi o avanço de ações
comunitárias de Marielle em áreas de interesse da milícia na Zona Oeste.
A
vereadora foi executada com quatro tiros na cabeça na noite de 14 de março. Na ação, o motorista Anderson Gomes
também foi atingido e morreu e uma assessora foi ferida por estilhaços.
Vereador diz que morte de colaborador não foi 'queima de
arquivo'
Em abril, Siciliano prestou depoimento à Divisão
de Homicídios sobre o assassinato de Marielle, na condição de testemunha. Dois
dias depois de prestar depoimento, um colaborador do vereador, Carlos Alexandre
Pereira, foi
executado na Taquara, Zona Oeste da cidade.
Segundo informações do 18º BPM
(Jacarepaguá), uma equipe encontrou Carlos Alexandre morto a tiros. O gabinete
de Siciliano informou que ele era um colaborador voluntário.
Durante
coletiva nesta manhã, Marcello aproveitou para dizer que não acredita que a
morte de seu colaborador tenha a ver com a morte de Marielle, comouma possível
“queima de arquivo”.
"Quando
eu quis mostrar o trabalho que ele fez de levar as demandas das comunidades
para o gabinete, ninguém se interessou. Só mostraram foto dele com um relógio
de ouro", afirmou Siciliano, destacando que a Cidade de Deus nunca foi
reduto eleitoral dele.
Sobre a
amizade que o vereador alegou ter com Marielle e que foi questionada por alguns
amigos de partido da vereadora, Sicialiano disse que as imagens do plenário da
Câmara falam por si só. “Puxa as câmeras do plenário que vocês vão ver. Cada um
tem um nível de achismo do que é amizade, coleguismo. As mentiras aparecem, as
máscaras caem e já, já, tudo isso vai ser resolvido”, garantiu.
Testemunha fala de conversa sobre vereadora
morta
Marielle
foi assessora do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) durante a CPI das Milícias Foto: Renan Olaz/CMRJ |
De acordo com O Globo, a testemunha diz
que foi forçada a trabalhar para Orlando e deu detalhes de como a execução foi
planejada e diz que participou de reuniões. As conversas entre Orlando e
Siciliano teriam começado em junho do ano passado.
"Eu estava numa mesa, a uma
distância de pouco mais de um metro dos dois. Eles estavam sentados numa mesa
ao lado. O vereador falou alto: “Tem que ver a situação da Marielle. A mulher
está me atrapalhando”. Depois, bateu forte com a mão na mesa e gritou:
“Marielle, p*ranha do Freixo”. Depois, olhando para o ex-PM, disse: 'Precisamos
resolver isso logo'", afirmou a testemunha, segundo O Globo.
Marielle
foi assessora do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) durante a CPI das
Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
A
reportagem cita ainda que a testemunha concedeu três depoimentos à Divisão de
Homicídios. Deu informações à polícia sobre datas, horários e reuniões entre
Siciliano e o ex-PM, que atualmente está em Bangu 9, no Complexo Pentenciário
de Gericinó, na Zona Oeste. Também teria fornecido nomes de quatro homens
escolhidos para o assassinato, agora investigados pela polícia.
Ainda
segundo a publicação, a testemunha contou que, um mês antes do atentado contra
Marielle, o ex-PM deu a ordem para o crime de dentro da cela de Bangu 9.
O relato
informa que Orlando, primeiro, mandou que homens de sua confiança
providenciassem a clonagem de um carro, o Cobalt prata, e que o veículo foi
visto circulando próximo da comunidade da Merk, na Zona Oeste, controlada pelo
ex-PM.
A
testemunha afirmou também que um homem identificado como Thiago Macaco foi
encarregado de fazer o levantamento dos hábitos da vereadora: onde ela
costumava ir, o local que frequentava e todos os trajetos que Marielle usava ao
sair da Câmara de Vereadores.
O
depoimento também cita que o ex-PM é "dono" da comunidade Vila Sapê,
em Curicica, também na Zona Oeste, que trava uma guerra com os traficantes da
Cidade de Deus. Segundo a testemunha, a vereadora passou a apoiar os moradores
da Cidade de Deus e comprou briga com o ex-PM e o vereador, que tem uma parte
do seu reduto eleitoral na região.
Ela peitava o miliciano e o vereador. Os dois [o miliciano e Marielle]
chegaram a travar uma briga por meio de associações de moradores da Cidade de
Deus e da Vila Sapê. Ela tinha bastante personalidade. Peitava mesmo",
revelou a testemunha, de acordo com o jornal.
G1
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