Produtores aderiram à campanha Água Limpa para o Rio Olímpico
Seja para o consumo direto, para a produção de alimentos ou qualquer outra
finalidade, a água é indispensável em todas as atividades humanas. A conservação
deste recurso natural é tão significativa que a ONU instituiu a data de 22 de
março para lembrar sua importância e promover a conscientização sobre o tema.
Neste mês, o programa Rio Rural, da Secretaria de Agricultura, contabilizou a
marca de 635 nascentes protegidas em parceria com os agricultores
familiares.
Os produtores aderiram à campanha Água Limpa para o Rio Olímpico, que tem
como meta a proteção de 2016 nascentes nas propriedades rurais. Todo o trabalho
é realizado com apoio dos técnicos da Emater-Rio, empresa de assistência técnica
e extensão rural vinculada à secretaria, e inclui ações de sensibilização e
mobilização dos agricultores e parceiros.
Com as ações, cada vez mais os moradores do campo estão valorizando suas
nascentes, principalmente quem já passou dias difíceis devido à escassez. Na
microbacia Santa Maria, em São José de Ubá, no Noroeste Fluminense, a água dos
poços artesianos é salobra, e as poucas nascentes existentes na localidade estão
praticamente secas. No entanto, uma nascente abastece dez casas e a escola
local. Protegida com recursos do Rio Rural há cerca de quatro anos, a fonte do
Sítio Santa Cruz tem a água mais pura da localidade, com qualidade garantida
pelo monitoramento realizado pelo programa.
Os 57 alunos da Escola Municipal Maria de Azevedo bebem daquela água. São
pelo menos 200 litros por semana, transportados em galões de 20 litros,
utilizados também para fazer a merenda.
– Se não tivéssemos acesso a esta água, teríamos que comprar água mineral. A
água que chega aqui não é boa para o consumo – disse Márcia Valéria da Silva,
diretora da escola.
Noêmia Moura Marinho, dona do sítio Santa Cruz, se orgulha de ter um oásis em
sua propriedade e divide com os vizinhos o bem que possui. Ela canalizou, de
maneira artesanal, a água da nascente até as dez casas da vila, incluindo a sua.
São mil metros de mangueira que passam por baixo da terra levando água para
estas famílias.
– A água vale muito, eu falo para as pessoas protegerem suas fontes. Depois
que cercamos nossa nascente, nunca mais faltou água, nem no período mais crítico
da seca – afirmou Noêmia.
Em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, o agricultor Genílson de Souza
Pinto, 45 anos, é outro exemplo de como a preservação da nascente faz diferença.
O Assentamento Santo Amaro, na microbacia Rio Preto, onde ele tem sua
propriedade, enfrentou um verão muito seco este ano. Como Genílson protegeu, há
três anos, a nascente de sua propriedade, com incentivo do Rio Rural, ele não
deixou de ter abastecida sua caixa d’água.
Embora este ano ainda não tenha sido possível plantar milho nem feijão, como
Genílson faz netsa época do ano, o produtor teve condições de permanecer em sua
casa, para onde se mudou apenas alguns meses depois de proteger a nascente.
– Ele não morava no lote porque nos meses secos não tinha água para abastecer
a casa – afirmou Geraldo Monteiro, técnico agrícola da Emater-Rio e assessor
técnico do Rio Rural.
Antes, por falta de água no local, o agricultor residia com a família numa
vila próxima.
No verão de 2013, a chuva só chegou na última semana à microbacia do Rio
Preto. O pequeno açude que se forma abaixo da nascente quase secou.
– Passou o verão todo e eu não deixei de ter água em casa, para as galinhas e
para o gado. Não fosse essa nascente, a gente não podia nem ficar aqui na
propriedade. A nascente cercada rendeu porque o mato cresceu e porque os bois
não puderam mais entrar. O gado socava a nascente e a água não rendia – explicou
Genílson.
Incentivos
O Rio Rural oferece incentivos financeiros diretos ao produtor que deseja
preservar as fontes de água. Cada agricultor que participa do programa pode
receber até R$ 7 mil, de acordo com o perfil de sua propriedade, como incentivo
para proteger as nascentes e córregos e adotar práticas de produção
sustentável.
A conscientização, no entanto, vai muito além do apoio financeiro. De acordo
com o gerente estadual de Desenvolvimento Sustentável da Emater-Rio, Herval
Lopes, dos agricultores que aderiram à campanha, 262 protegeram suas nascentes
com recursos próprios. Eles foram motivados pelo exemplo de vizinhos ou amigos,
depois de participarem de atividades de campo, ou mesmo por vontade
individual.
Ações ambientais
O programa Rio Rural atua junto às comunidades das microbacias hidrográficas
do estado, onde há um grande potencial de expansão das ações ambientais. Um
estudo da secretaria mostra que existem 44.889 quilômetros de rios nessas
microbacias, que podem ser preservados ou manejados de modo sustentável. O rol
de práticas incentivadas pelo programa inclui proteção de nascentes, recuperação
de matas ciliares, áreas de recarga hídrica e projetos de geração de renda com
efeitos ambientais positivos.
No entanto, a prática ambiental com maior número de adesões é a preservação
das fontes. A área no entorno de cada nascente protegida (um hectare) equivale a
um campo de futebol. O cercamento dessas fontes evita a degradação por conta,
principalmente, do pisoteio pelos animais. Dessa forma, ajuda a regularizar o
ciclo da água e, assim, reduzir os custos de tratamento. Além disso, com a maior
disponibilidade de água, diminui os efeitos da seca na pastagem e na lavoura,
incrementando a produção agrícola e pecuária.
Água Limpa para o Rio Olímpico
A campanha busca inspiração no espírito olímpico para atingir sua meta. Como
a água é um elemento indispensável à prática esportiva, não apenas agricultores,
mas também atletas, personalidades, empresas e todas as pessoas preocupadas com
o meio ambiente são convidadas a participar. O futebol é um exemplo de esporte
que exige uma grande quantidade de água: apenas para irrigação do gramado, são
necessários cerca de 40 mil litros.
Enquanto, em condições normais, o organismo de um adulto, composto por 70% de
água, perde em média 2,5 litros por dia, apenas durante uma partida de futebol
cada jogador gasta cerca de três litros. Além disso, a água gerada na zona rural
é utilizada para a produção de alimentos, que fornecem energia aos esportistas e
torcedores no país do futebol.
De acordo com estimativas do Rio Rural, o volume de água produzido em 2016
nascentes equivale a aproximadamente 2.600 piscinas olímpicas cheias por
ano.
Ascom da Secretaria de Agricultura
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