Estudo da Federação das Indústrias do Rio revela que PIB da indústria
criativa cresceu 69,8% no período, acima do avanço nacional
O mercado de trabalho da indústria criativa cresceu 90% entre 2004 e 2013 - bem acima do avanço de 56% do mercado de trabalho brasileiro no período – e hoje possui 892,5 mil profissionais formais. Neste contexto, o mercado criativo se expandiu não apenas em números absolutos, mas também em termos relativos: a participação da classe criativa no total de trabalhadores formais brasileiros alcançou 1,8% em 2013, ante 1,5% em 2004.
Os dados são da quarta edição do “Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil”, estudo realizado pelo Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), que desta vez traz também a evolução da indústria criativa na última década. Além disso, os segmentos criativos foram divididos em quatro grandes áreas: Consumo (Arquitetura, Publicidade, Design, Moda); Cultura (Patrimônio e Artes, Artes Cênicas, Música, Expressões Culturais); Mídias (Editorial, Audiovisual); e Tecnologia (Biotecnologia, Pesquisa e Desenvolvimento, Tecnologia da Informação e Comunicação - TIC).
Entre as áreas, Consumo se destaca por dobrar o número de trabalhadores formais entre 2004 e 2013 e por abrigar os setores criativos que mais cresceram no período. No ano passado eram 423 mil trabalhadores. O maior avanço foi observado no segmento de Publicidade (+238,5%), em que o número de profissionais mais do que triplicou em apenas uma década. O segundo setor que mais cresceu no período foi o de Design, que mais do que dobrou o número de trabalhadores com carteira assinada (+104,3%).
Também se destacaram no período os segmentos de Biotecnologia, Pesquisa e Desenvolvimento, e Tecnologia da Informação e Comunicação, da área de Tecnologia. Os três duplicaram suas forças de trabalho de 2004 a 2013 e possuem hoje 306 mil profissionais. Já a área de Mídias fechou 2013 com mais de cem mil profissionais criativos, com destaque para o segmento Editorial, que teve crescimento de 82,5% no mercado de trabalho nos últimos dez anos.
Na área de Cultura, que cresceu 43,6% no período analisado pelo estudo e hoje tem 62 mil profissionais, todos os segmentos avançaram, com destaque para Patrimônio e Artes (+60,9%) e Música (+60,4%). Apesar do avanço, os segmentos ligados à Cultura são os menos representativos em número de empregados formais, somando apenas 7% dos trabalhadores da indústria criativa.
O estudo destaca ainda que, do total de profissionais criativos mapeados no Brasil (892,5 mil), 19,4% atuam em empresas consideradas criativas, como agências de publicidade e escritórios de design, e 80% trabalham em outros setores econômicos. Só a indústria de transformação emprega 24,7% destes profissionais – 221 mil trabalhadores.
Analisando a produção, com olhar sobre as empresas criativas – que não necessariamente empregam apenas trabalhadores criativos em seus quadros – o estudo aponta que o setor é formado por 251 mil estabelecimentos. Na última década, houve um crescimento de 69,1%. Com base na massa salarial dessas empresas, estima-se que a indústria criativa brasileira gere um Produto Interno Bruto (PIB) equivalente a R$ 126 bilhões, ou 2,6% do total produzido no Brasil em 2013, frente a 2,1% em 2004. No período, o PIB da indústria criativa avançou 69,8% em termos reais, acima do avanço de 36,4% do PIB brasileiro nos últimos dez anos.
SP e RJ se destacam no
mercado de trabalho criativo
Entre os estados brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro se destacam no mercado de trabalho criativo. Existem 349 mil trabalhadores paulistas e 107 mil fluminenses, que juntos concentram 51,1% dos 892,5 mil profissionais criativos do Brasil. Eles possuem participação significativa no total do mercado de trabalho de São Paulo (2,5%) e do Rio (2,3%), sendo inclusive maior que à média nacional (1,8%).
Em São Paulo, maior mercado consumidor do Brasil, os profissionais de Publicidade são os mais representativos: são 80 mil trabalhadores – ou 23,1% da indústria criativa paulista – maior proporção do país. No Rio de Janeiro, sede de universidades de renome internacional e múltiplos institutos de pesquisa públicos e privados, o segmento de Pesquisa e Desenvolvimento é o mais abundante, com 32 mil trabalhadores e, como consequência, maior participação na classe criativa fluminense (29,5%).
No Rio, destaca-se também a remuneração dos profissionais. Em sete dos treze setores criativos analisados os profissionais fluminenses possuem as maiores remunerações: Pesquisa e Desenvolvimento (R$ 14.510), Artes Cênicas (R$ 8.107), TIC (R$ 7.265), Audiovisual (R$ 5.350), Patrimônio e Artes (R$ 5.260), Design (R$ 3.326) e Moda (R$ 1.965).
Os estados da região Sul também registram grande presença das atividades profissionais criativas em suas economias. As participações da indústria criativa no total da força de trabalho de Santa Catarina (2%) e Rio Grande do Sul (1,9%) também ficam acima da média brasileira. Já o Paraná, com 1,6% de profissionais criativos, fica muito próximo da média nacional. Nestes casos, o segmento com maior representatividade na indústria criativa local é o Design – Santa Catarina (16,9%), Rio Grande do Sul (13,7%) e Paraná (13,6%). No Brasil, o segmento de Design emprega 9,7% de todos os profissionais criativos.
No Nordeste, o estado com maior representatividade da classe criativa no mercado de trabalho formal é o Ceará (1,4%). Isso reflete principalmente a força do segmento de Moda, responsável por 14% dos empregos criativos cearenses, maior percentual do país nesse segmento e mais de duas vezes superior ao patamar nacional (6,4%).
De 2004 a 2013, houve aumento no número de empregos criativos formais em todos os estados brasileiros.
Profissional do setor ganha três
vezes mais que a média nacional
Enquanto o rendimento médio do trabalhador brasileiro foi de R$ 2.073 no ano passado, o salário médio dos profissionais da indústria criativa chegou a R$ 5.422 – quase três vezes superior ao patamar nacional. Em todas as áreas e em onze dos treze segmentos criativos pesquisados, os profissionais apresentam renda superior à média brasileira.
Entre as áreas, Consumo e Cultura tiveram os maiores avanços reais de remuneração de 2004 para 2013 (29% em média). Entre os segmentos criativos, os mais numerosos em termos de profissionais também se distinguem por apresentar os maiores salários médios – Pesquisa e Desenvolvimento (R$9.990), Arquitetura (R$ 6.927), TIC (R$ 5.393) e Publicidade (R$ 5.075), refletindo a alta capacitação técnica desses profissionais e a posição estratégica desses setores no mercado.
Em comparação com 2004, os maiores aumentos reais de salário ocorreram justamente nos segmentos que apresentavam menor remuneração: Moda (+42,1% / R$ 1.412), Música (+33,3% / R$ 2.216), Audiovisual (+32,7% / R$ 2.364) e Expressões Culturais (+31,6% / R$ 1.508). Esse movimento revela que a redução da desigualdade da renda do trabalho, observada nos últimos anos no Brasil, também se fez presente entre os segmentos da indústria criativa.
Ascom
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