A Secretaria de Estado de Saúde promoveu, na quinta-feira (13/02), um encontro com diretores e profissionais das UPAs 24 horas e maternidades da rede estadual e dos municípios fluminenses. O objetivo do evento foi de atualizar e reforçar as orientações a respeito do atendimento médico à população em casos suspeitos de dengue. Os participantes assistiram a palestras com especialistas sobre o cumprimento dos protocolos de atendimento, que também abordaram outras arboviroses, como chikungunya, zika e oropouche.
O subsecretário de Vigilância e Atenção Primária à Saúde da SES-RJ, Mário Sergio Ribeiro, reforçou a importância de uma classificação de risco adequada e a hidratação de pacientes suspeitos foi um dos temas abordados, entre outros pontos.
“Temos que nos preparar para todas as situações, surgimento de novos vírus. Os mosquitos e os vírus estão sempre muito à frente de nós”, alertou o subsecretário, na abertura da reunião.
Paula Almeida, da Gerência de Doenças Transmitidas por Vetores, traçou um panorama do cenário epidemiológico do estado. Ela destacou que, este ano, a Secretaria de Estado de Saúde já contabilizou 5.552 casos prováveis, 306 internações e 3 óbitos confirmados por dengue. E que há 400 casos prováveis de chikungunya, 26 internações e nenhum óbito. E não há casos de zika no estado. Além disso, foram detectados 336 casos de oropouche. “É preciso estar atento para novos casos”, afirmou.
A médica Daniela Vidal, da Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SES-RJ, chamou a atenção para a necessidade de se fazer uma classificação adequada dos pacientes que chegam nas unidades de atendimento. E assim, segundo ela, evitar que se mande de volta para casa uma pessoa com sintomas sérios da dengue. Reforçou a importância de estar atento às manifestações clínicas e os sinais de alarme.
“O manejo adequado dos protocolos evita a sobrecarga das unidades de emergência. Como também, uma classificação de risco pode evitar o óbito do paciente. Por isso, é importante fazer exame físico, medir a temperatura e frequência cardíaca, por exemplo”, assegura a médica que também faz parte da Comissão de Investigação de Óbito da SES-RJ.
O médico Rafael Galliez, do Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS), destacou as características do vírus da dengue e os fatores para identificação da doença. Ele alertou sobre a importância do diagnóstico e a manifestação clínica da doença. E recomendou encaminhamento dos casos de maior complexidade para tratamento especializado e cuidados com as crianças.
O material de apoio distribuído aos profissionais de saúde foi atualizado em 2023 pelo Ministério da Saúde, e sugere que os fatores sociais sejam determinantes na avaliação dos casos. A secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello, relembra que a rede estadual já implantou esse fluxo na epidemia de dengue em 2024, quando foram registrados 302.465 casos prováveis no estado.
“As nossas unidades avaliam as condições de vida de cada paciente e levam em conta a possibilidade de retorno à unidade caso surjam sinais de alarme da dengue. Relembramos, pode aparecer dor abdominal, desmaio, vômitos persistentes e sangramento. Desde o começo, a recomendação é hidratá-los e, caso avaliem dificuldade no retorno, acolhemos o paciente e recomendamos a internação”, explicou a secretária.
As unidades devem instalar o fluxograma de atendimento em locais visíveis aos profissionais de saúde. A SES-RJ também disponibiliza o app de manejo clínico da dengue no Novo Monitora RJ, permitindo que a classificação do risco de cada paciente seja rápida. A ferramenta digital permite que, com a combinação dos sintomas relatados, o profissional visualize orientações clínicas.
Para um caso de dengue ser considerado suspeito, os pacientes precisam relatar febre, usualmente entre dois e sete dias de duração, e duas ou mais manifestações, como náusea, vômitos, dores de cabeça, erupções cutâneas e ou manchas avermelhadas, dores musculares ou nas articulações ou ainda dores atrás dos olhos.
Grávidas e puérperas
Profissionais que atuam nas maternidades da rede estadual e dos municípios participaram das apresentações, na parte da tarde, com a atualização do manejo clínico para grávidas e puérperas com suspeita de dengue, grupo considerado de alto risco para a doença. A importância do diagnóstico precoce e preciso, com atenção para a classificação de risco adequada e detalhada, foi uma das principais recomendações para que não haja óbitos de grávidas em 2025, assim como não houve registros em 2024 e 2023.
A capacitação foi realizada pelo coordenador de Saúde da Mulher da SES, Antônio Braga, e pelo infectologista Rafael Galliez, do Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS), unidade que é referência no Estado para tratamento intensivo de gestantes e puérperas com dengue grave.
“O diagnóstico diferencial deve ser muito bem analisado, porque a dengue tem sintomas que são comuns em outras condições que acometem as gestantes, como pré-eclâmpsia e síndrome Hellp, por exemplo”, explicou Braga.
A apresentação mostrou de forma detalhada todo o manejo relacionado a esse público, desde o acolhimento até os tipos de exames recomendados para pacientes com a forma mais grave da doença.
O infectologista Rafael Galliez destacou a importância do evento como iniciativa de aproximação com os profissionais que atuam na ponta.
“É muito importante que a gente possa atuar de forma orgânica e integrada com nossos parceiros na assistência, em todos os níveis, para que a gente possa mitigar os efeitos da dengue sobre as gestantes e puérperas, considerando o maior risco que elas têm, para que tenhamos desfechos satisfatórios. Eventos como esse contribuem, inclusive, para ouvir demandas técnicas, ouvir o profissional da ponta e estreitar essa relação entre a referência e as outras unidades”, disse o médico.
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