Rio de Janeiro - Um dos legados que a Copa do Mundo de 2014 quer deixar para
o estado do Rio é a estruturação da cadeia produtiva de orgânicos, desde o
produtor da matéria-prima, passando pela agroindústria e mercados varejistas,
chegando à conscientização dos consumidores sobre os benefícios dos produtos
sustentáveis e sem agrotóxicos.
O assunto foi discutido no
Seminário Brasil Orgânico e Sustentável/Rio de Janeiro - Impactos da Política
Nacional de Agroecologia. O presidente da Associação Brasil Orgânico e
Sustentável (Abrasos), Alexandre Borges, disse que fazer com que a Copa de 2014
seja a primeira a ter esse viés será um desafio para o setor.
“Todo mundo fala que [o alimento]
orgânico é legal, é saudável, mas falta organizar a cadeia produtiva. Nosso
problema é estrutural. Temos produtores desistindo e voltando para a prática
convencional. Os empreendedores já sofreram muito e perderam dinheiro por causa
dos produtores, que são a ponta da cadeia. Também estamos nos reunindo com
varejistas, redes regionais, hotéis, para conseguir escoar a produção”,
declarou.
Borges adiantou que será lançada
quarta-feira (21) a campanha Brasil Orgânico e Sustentável 2014, durante a 8ª
Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, que ocorre até domingo
(25) na Marina da Glória. De acordo com ele, a campanha vai gerar oportunidades
para o crescimento do setor.
“Estamos na fase de articulação,
vendo com os ministros se será uma campanha oficial do governo. De prático vamos
ter um site e rodadas de negócios que vão tentar unir as pontas, fazer
o casamento entre o produtor, a pequena empresa, os restaurante, hotéis, o
varejo. A gente vai ganhar visibilidade com a campanha que vai na mídia, vai ter
um selo, que será usado por quem cumprir alguns critérios, que ainda serão
discutidos”.
O presidente da Empresa de Pesquisa
Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio), Silvio Galvão, compõe o
núcleo temático do projeto Brasil Orgânico e Sustentável 2014. Para ele, o Rio
tem a responsabilidade de receber bem os turistas que virão para a Copa, mas
também de deixar como grande legado o consumo orgânico sustentável e a geração
de renda para o produtor.
“O Rio de Janeiro tem como desafio
conseguir trazer todos os produtores de forma organizada para participar desse
movimento. E, para isso, nós estamos precisando de mais assistência técnica,
mais oportunidade de transferência de tecnologia para os produtores rurais”,
declarou.
Segundo Galvão, “existem nas
prateleiras de diversas empresas de pesquisa agropecuárias dos estados, reunidos
por meio do Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária
(Consepa) e da própria Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
toda uma metodologia, uma tecnologia pronta para você controlar a questão do
manejo, de capim, de pragas, irrigação, buscando sempre o máximo de
produtividade e de produção”, completou.
Apesar da proximidade com os grandes
eventos esportivos, como a Copa das Confederações em 2013, ele garante que o
estado está preparado para o desafio de incentivar a produção e o consumo de
orgânicos.
“A Copa do Mundo é um pretexto. O
Rio de Janeiro já tem um trabalho, que merecia estar mais desenvolvido, mas por
diferentes razões não está. E a gente está usando a Copa do Mundo para acelerar
todo um conjunto de politicas públicas para que dê efetivo resultado positivo
para o produtor rural. Não adianta resultado político, o produtor tem que ganhar
com isso. 2014 é um desafio, mas nós já temos produtos que podem mostrar todo o
nosso potencial”.
De acordo com Galvão, já existem no
estado cerca de 300 produtores certificados dentro do processo de comércio
justo, agricultura orgânica e certificação de origem, além de mil da agricultura
familiar, que já podem participar das rodadas de negócio da Copa das
Confederações.
Do lado do consumo final, o
Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes (SindRio) informou que existe a
demanda por produtos orgânicos e que está criando a primeira diretoria de
sustentabilidade no país, dentro dos sindicatos patronais. Em um levantamento
rápido, o SindRio identificou pelo menos 30 estabelecimentos que trabalham com
orgânico e têm esse viés para atrair clientes.
Fonte: Agência Brasil
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