Gás
veicular ficou 26% mais caro, enquanto a gasolina aumentou 7% e o gás de
cozinha, 4%. Por outro lado, etanol aliviou orçamento do brasileiro
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Gasolina ficou 7% mais cara de 2017 para 2018
Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O taxista Rafael Messias Martins de
Souza, de 35 anos, trabalha nas ruas de São Paulo há 9 anos e sentiu no bolso o
aumento do preço dos combustíveis ao
longo de 2018. No começo do ano, abastecia o carro com etanol, mas migrou para
o GNV — o gás veicular — há cinco meses para tentar economizar.
Segundo dados da ANP (Agência Nacional
de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), a gasolina (7%), o GNV (26,4%) e o
gás de cozinha (4,3%) ficaram mais caros, enquanto o etanol apresentou redução
no preço do litro (-1,7%) — veja os
preços na tabela abaixo.
Embora
tenha sido o combustível com aumento mais expressivo e o preço do etanol tenha
recuado em 2018, o GNV ainda é mais vantajoso para Rafael. O taxista gasta
cerca de R$ 40 por dia, frente aos R$ 90 de quando abastecia com etanol, para
rodar de 150 km a 200 km.
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Segundo Rafael, o cilindro do GNV é menor e tem um bom rendimento, o que faz
com que o combustível valha mais a pena.
Mesmo
gastando menos, Rafael percebe que o combustível tem pesou mais no bolso ao
longo do ano. “[O preço] aumentou, mesmo o do gás. Desde o ano passado, sempre
vem aumentando. Eles aumentam rápido nos postos e quando sai notícia de que
baixou, demora para baixar nas bombas”, afirma.
Mordida no bolso
Assim como para Rafael, a população em geral
sente o aumento do preço dos combustíveis no bolso, sem exceção, segundo a
professora de economia do Insper Juliana Inhasz. O que varia é o grau de
impacto no orçamento de cada um.
Juliana
afirma que, como o transporte de cargas brasileiros é baseado nas rodovias, o
aumento dos preços deixa o deslocamento mais caro. Além disso, todos os insumos
derivados do petróleo também pesam mais, como o plástico e a borracha.
Com
o aumento dos preços dos combustíveis, o preço da mão de obra brasileira também
fica maior, já que o transporte do trabalhador até a empresa fica mais caro —
tanto para quem anda de transporte público como quem prefere os veículos
particulares.
“Todo
mundo vira o ano ganhando a mesma coisa, mas o aumento dos preços dos ônibus
faz o dinheiro do brasileiro perder poder de compra”, explica. Isso significa
que, com os mesmos R$ 100 de 2018, será possível comprar menos itens em 2019.
O
coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) do FGV IBRE, André Braz,
afirma que o aumento dos preços dos combustíveis foi motivado pela
desvalorização cambial do real e pelo preço do petróleo no mercado. No entanto,
Braz diz que o cenário “já foi pior”.char anúncio
“No período pré-eleição,
chegamos aos R$ 4,20. Dos R$ 4,20 para os R$ 3,90 existe uma desvalorização que
foi favorável para a redução dos preços dos combustíveis [no final do ano]”,
explica.
Em
maio deste ano, os preços dos combustíveis foram diretamente impactados pela greve dos caminhoneiros, que afetou o
abastecimento em postos de todo Brasil. De maio para junho, gasolina, GNV,
etanol e gás de cozinha ficaram mais caros para os brasileiros (veja no gráfico abaixo). Para Braz, os efeitos da paralisação
foram superados ao longo do ano.
Braz
diz que os efeitos foram superados, já que ficaram concentrados em alimentos in
natura e nos combustíveis. Segundo ele, a prévia da inflação de dezembro
mostrou altas taxas no acumulado do ano para a gasolina (10,5%) e para o diesel
(10,8%), por exemplo, dados mais relacionados com a desvalorização cambial do
que com a greve, segundo Braz.
Para
Juliana, do Insper, o impacto da greve que ainda pode ser visto é a revisão da
política de preços da Petrobras. “A
greve em si já ficou no passado”, comenta.
Etanol em queda
O
etanol foi o único combustível que fechará 2018 com preços menores do que
dezembro de 2017. Segundo Braz, o movimento dos preços do etanol é diferente.
“Ele
não é um derivado de petróleo, então a lógica é diferente”, explica, já que o
combustível depende do desempenho da safra da cana-de-açúcar e não da compra e
venda de petróleo.
Juliana
afirma que, mesmo não sendo produzido do petróleo, o etanol tende a seguir os
preços dos combustíveis deste mercado. “Quando tem muita alta na gasolina, as
pessoas migram para o etanol”, explica.
Nos
momentos que há redução do preço da gasolina, movimento que aconteceu de
outubro a dezembro deste ano, as pessoas tendem a voltar aos antigos hábitos de
consumo e deixar o etanol de lado. “Começou a sobrar um pouco de etanol, o que
faz com que o preço vá para baixo”, explica Juliana.
R7
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