domingo, 15 de maio de 2022

Maricá quer trocar frota por ônibus 100% elétricos, e Niterói testa modelos à base de energia limpa

 

Foto: Divulgação



A transição total dos combustíveis fósseis para uma economia mundial de baixo carbono, uma das metas do Acordo de Paris assinado por 196 países em 2015, é um objetivo, mas ainda um desafio. Enquanto muitos a consideram inviável, alguns projetos que podem ajudar a atingir a meta estão sendo testados mundo afora. No Estado do Rio de Janeiro, a capital e as cidades de Niterói e Maricá já realizam testes com ônibus à base de energia limpa.

Município que mais arrecadou com royalties do petróleo no país em 2021, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Maricá, na Região Metropolitana do Rio, aposta em uma parceria com a Coppe/UFRJ para investir em ônibus não poluentes. O objetivo é testar três protótipos de veículos elétricos e, a partir desses modelos, renovar toda a frota de coletivos, hoje com 125 veículos, ao longo dos próximos anos. A prefeitura ainda pretende implantar uma fábrica para produção própria na cidade.

— Nós usamos dinheiro oriundo de uma matriz poluente para estruturar a economia do futuro, com uma matriz limpa. A meta é até 2038 ter uma frota 100% composta por ônibus não poluentes e elétricos — explica o secretário de Desenvolvimento Econômico da cidade, Igor Sardinha.

Protótipo artesanal

Como a Coppe/UFRJ já desenvolvia esse projeto, a prefeitura de Maricá se comprometeu a investir, ao longo de dois anos, R$ 11,5 milhões para financiar a parte restante de pesquisa e desenvolvimento. O objetivo é montar três protótipos, que serão lançados em dezembro deste ano: um 100% elétrico; um híbrido movido a eletricidade e a hidrogênio; e um híbrido movido a eletricidade e a etanol. Após a entrega, eles ficarão em operação por cerca de dois anos. Só depois do período de testes, será possível calcular os custos e a margem de lucro.

Simulação do ônibus híbrido que vai ser testado em Maricá

 Foto: Divulgação



— Essa é uma oportunidade única de tirar um projeto da universidade e aplicá-lo na sociedade — afirma o professor Paulo Emílio Miranda, coordenador do Laboratório de Hidrogênio da Coppe. — O que acontece é que a gente pode desenvolver a tecnologia, mas às vezes chega em um “e agora?”. Além de financiar a etapa final de desenvolvimento, o município nos dá uma garantia para a produção.

No projeto, antes de a fase industrial começar, a montagem dos protótipos é feita de “forma artesanal”, como define o professor Paulo Miranda. A Coppe compra chassis (a base de montagem dos ônibus) e produz os modelos. Algumas peças precisam ser encomendadas, por não serem vendidas em larga escala.

Como a patente do projeto dos ônibus elétricos ficará com Maricá, a cidade vê o projeto como uma maneira de gerar riqueza a partir de outras fontes de energia, além do petróleo. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Maricá, será criada uma região industrial em Ponta Negra, no distrito de Manoel Ribeiro, onde será instalada a fábrica de ônibus elétrico.

O professor Paulo Miranda estima que um ônibus convencional emita 100 toneladas de carbono por ano. Com a renovação total da frota de Maricá, a meta é zerar essa emissão ao longo do tempo.

Em Niterói, que testou dois ônibus elétricos pelas ruas da cidade entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano, a prefeitura acredita que 800 quilos de CO² deixaram de ser lançados na atmosfera.


Custo maior

De acordo com a Secretaria municipal de Mobilidade e Urbanismo da cidade, apesar de custar quase três vezes o valor de um ônibus a diesel, “a tecnologia elétrica tem custos menores de manutenção, sem mencionar os inúmeros benefícios ambientais com sua utilização”. No entanto, não há previsão para incorporação definitiva de ônibus elétricos à frota do município.

— A aquisição de ônibus com tecnologia elétrica vem se mostrando, no Brasil, um desafio para ser viabilizada. São vários os fatores que impactam no preço dos veículos, como a variação cambial. Todo esse contexto econômico e os aspectos operacionais estão sendo considerados. Agora pretendemos testar um ônibus elétrico de outro fabricante — diz o secretário Renato Barandier. — Assim, poderemos ampliar ainda mais os dados coletados e comparar, inclusive, a tecnologia utilizada entre diferentes fabricantes.

Já na capital do estado, um ônibus elétrico foi utilizado em um passeio cultural por Madureira, na Zona Oeste, entre novembro de 2021 e janeiro deste ano. Segundo a Secretaria municipal de Transportes, esse foi um “projeto experimental para demonstração da tecnologia de baixa emissão” e que, a partir de um retorno de motoristas e passageiros, destacou-se o silêncio durante as viagens.

Em relação à emissão de poluentes, a secretaria diz que estudos estão sendo feitos para “fundamentar um diagnóstico e um projeto de eletrificação da frota” para ser implementado a longo prazo.

Extra

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