Igor Rabello vai mesmo trocar de
alvinegro. Por R$ 13 milhões, o jovem zagueiro que veio da base do Botafogo vai
jogar no Atlético-MG, clube que adquiriu 70% dos seus direitos. É o segundo
titular vindo da base que o Botafogo vende para o mercado brasileiro após o fim
da temporada passada —o primeiro foi Matheus Fernandes, que foi para o
Palmeiras — o que expõe uma necessidade e uma realidade cada vez mais presente
para o clube de General Severiano: é preciso saber vender.
Em outubro, a pedido da
diretoria, o Conselho Deliberativo do clube aprovou a antecipação de R$ 18,8
milhões (cerca de 13%) da cota de TV dos estaduais de 2020 e 2021. A
justificativa, segundo os atuais mandatários do clube, não era por excesso de
gastos, e sim por falta de receitas. Antes do acerto com o Palmeiras por
Matheus Fernandes, só 10% da meta com venda de jogadores tinha sido alcançada.
![]() |
Publicidade |
O dinheiro adiantado, usado principalmente para pagar os dois meses de salários
atrasados na época, serviu só para um breve respiro: os vencimentos voltaram a
atrasar. O Botafogo até gostaria de barganhar mais por Igor Rabello — que
recebeu uma proposta melhor de um time russo anteriormente, mas não quis ir —
mas a necessidade de tentar manter a folha em dia vem junto com o medo de
perder oportunidades de venda. Quando o Atlético-MG pareceu dar sinais que
desistiria, o clube fechou o negócio.
Antes, a última grande venda
foi em 2016, quando o atacante Ribamar (hoje no Vasco) foi vendido ao 1860
Munique por R$ 9 milhões. Depois de um longo inverno, as negociações de Matheus
Fernandes e Rabello podem representar R$ 28 milhões nos cofres alvinegros só
nesta janela. É mais, por exemplo, do que o dinheiro que o clube recebeu, em
2013, com a venda de Vitinho para a Rússia, a maior da história do clube (o CSKA
pagou R$ 31 milhões, mas o Bota, dono de 60% dos direitos do atleta, recebeu R$
18,6 milhões).
Penhora
atrapalha
O buraco alvinegro é tão
embaixo que o clube ainda tem que conviver com as penhoras. Quase 43% do valor
conseguido com Matheus Fernandes foi penhorado devido à uma ação de Oswaldo de
Oliveira, técnico do time até o fim de 2014. O clube tenta reaver na Justiça o
valor, mas enquanto não consegue, teve que contar com a sorte: coube ao
benemérito Cláudio Good pagar do próprio bolso o salário de novembro dos
funcionários, o que garantiu o Natal. Os trabalhadores do clube seguem com
férias e 13º salário atrasado.
Neste cenário, de que é
preciso dinheiro “para ontem”, ainda que com a venda de suas revelações, o
Botafogo tenta garantir algum futuro. Ao ficar com 30% dos direitos de Rabello
— também ficou com 25% dos de Matheus Fernandes — a diretoria tenta garantir
algum lucro se os jogadores se destacarem e forem vendidos por valores maiores
em breve. A ideia é ganhar com atletas da base, ainda que eles já vistam outras
camisas. Pode até ser alvinegra.
COMPARTILHE
Curta Nossa Página no Facebook