Bancos
públicos vão reforçar as linhas de crédito para pessoa física e empresas
para enfrentar crise agravada pela pandemia de coronavírus
Bancos públicos serão utilizados para tentar minimizar efeitos da crise
Pilar Olivares/ Reuters
Bancos públicos serão utilizados para tentar minimizar efeitos da crise Pilar Olivares/ Reuters |
O plano conjunto do governo para
enfrentar os efeitos da turbulência global — causada pelo surto do novo
coronavírus e agravada com a tensão no mercado do petróleo — inclui a
aceleração da agenda de reformas, atuações do Banco Central para conter o dólar
e desenferrujar o canal de crédito e o reforço dos bancos públicos (Caixa e
Banco do Brasil) em linhas de socorro a empresas e famílias.
Como
resposta à crise, o ministro da Economia, Paulo Guedes, quer
"blindar" os projetos prioritários e destravar as negociações
políticas para as reformas emperradas até agora pelo embate em torno das regras
do Orçamento de 2020.
Em
reunião com todo o primeiro escalão da equipe econômica, na manhã de ontem,
Guedes deixou claro que não tem "plano B" para a economia e que a
estratégia é seguir com o plano inicial já traçado e aproveitar os ventos
internacionais desfavoráveis para "aprofundá-lo".
"Não tem
caminho sem as reformas", orientou aos seus principais auxiliares. Foi uma
resposta à pressão de fora da equipe econômica para o governo dar estímulo
fiscal e mudar o teto de gasto, regra que impede que as despesas aumentem em
ritmo superior à inflação.
Em entrevista
ao chegar ao ministério, procurou passar uma mensagem de tranquilidade no
momento de maior tensão com a derrocada do preço do petróleo, após a Arábia
Saudita anunciar aumento de produção em retaliação à Rússia.
"Estamos
absolutamente tranquilos, a equipe da Economia está tranquila. É uma equipe
serena, experiente. Já vivemos isso várias vezes. Sabemos lidar com isso.
Estamos absolutamente tranquilos, serenos. Então, é hora de justamente termos
uma atitude construtiva. Os três Poderes, com serenidade, cada um resolvendo a
sua parte", disse.
Guedes
reforçou também ao presidente Jair Bolsonaro, que estava em viagem aos EUA, a
importância neste momento de enviar as propostas de reforma administrativa —
que reformula o "RH do Estado" — e o projeto de reforma tributária do
PIS/Cofins. Em resposta, o presidente declarou que era leal à política liberal
de Guedes.
Mais tarde,
pelo Twitter, Bolsonaro descartou aumento da Cide combustível como forma de
compensar a perda na arrecadação com a queda abrupta no preço do petróleo. A
medida foi cogitada por especialistas.
Ao longo do
dia, Guedes manteve também contato com o presidente do BC, Roberto Campos Neto,
que de São Paulo comandou a reação do governo pela frente financeira dos
mercados de câmbio e juros.
Logo cedo, o
diretor de Política Monetária, Bruno Serra, deu o "mapa" da reação do
BC ao tsunami internacional, que chegou ao Brasil já na noite de domingo.
O diretor
avisou que o BC usaria todos os instrumentos de atuação no mercado de câmbio em
resposta ao choque externo: contratos de swaps e venda de dólares no mercado à
vista.
O que chamou
a atenção do mercado foi a possibilidade de liberação de mais depósitos
compulsórios, recursos que os bancos são obrigados a deixar no BC. Uma primeira
liberação já havia sido anunciada, mas ainda não entrou em vigor. Serra disse
que o BC tem todo o arcabouço de regulação prudencial para ser acionado em caso
de necessidade, além de volume próximo de R$ 380 bilhões em compulsórios.
Fontes do BC disseram ao jornal O Estado de S. Paulo que o recado estava dado.
Bancos Públicos
Numa terceira
frente de ação, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal anunciaram que
vão reforçar suas linhas de crédito para fazer frente à turbulência dos
mercados globais.
O presidente
do Banco do Brasil, Rubem Novaes, acenou com o reforço na oferta de linhas de
crédito para atender à necessidade de capital de giro das empresas. Novaes
disse que o BB está preparado para ser a "ponte" necessária para os
nossos clientes e empreendedores nos momentos de volatilidade e de necessidade
de capital de giro.
O presidente
da Caixa, Pedro Guimarães, antecipou ao jornal O Estado de S. Paulo que o banco
vai reforçar as linhas de crédito para pessoa física e empresas, principalmente
as do setor imobiliário.
"É uma
questão temporária e teremos reforço na parte das pequenas empresas e do
crédito para pessoa física", disse ele.
Em meio à
turbulência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, cobrou de Guedes o envio das
propostas de reforma administrativa e tributária ao Congresso.
"Acho
que o governo precisa comandar esse processo, deixar claro para todos os atores
da sociedade, para os outros dois Poderes, o que ele pensa sobre a crise e a
forma que a gente pode ajudar." Maia disse que o governo precisará de
outras ações além das reformas para enfrentar a atual crise. Ele não quis
especificar quais seriam essas ações. Na equipe econômica, a preocupação maior
continua sendo com as articulações com o Congresso.
R7
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