Professores e funcionários de escolas públicas e privadas, de
ensino infantil e básico, terão que aprender noções básicas de primeiros
socorros. É o que determina a lei 13.722, denominada Lei Lucas, sancionada em
outubro de 2018. Com prazo de 180 dias para começar a vigorar, a lei foi criada
em homenagem a Lucas Begalli Zamora, de 10 anos, que morreu em setembro de
2017, depois de engasgar com um pedaço de cachorro-quente durante um passeio
escolar, em Campinas (SP). Na ocasião não havia ninguém preparado por perto
para socorrê-lo e assim evitar a tragédia.
Moedas,
tampas de caneta, peças pequenas de brinquedos e outros objetos, ou mesmo
alimentos, podem causar engasgo ou sufocação em crianças pequenas, sendo uma
das principais causas de morte acidental de bebês de até um ano de idade,
segundo o Ministério da Saúde.
Agora
as escolas terão que oferecer anualmente um treinamento de primeiros socorros
aos seus funcionários. Os espaços de recreação infantil também deverão seguir a
norma. O serviço de treinamento pode ser oferecido pelo Corpo de Bombeiros ou
também por empresas privadas cadastradas na corporação.
O
médico Erick Freitas Curi, presidente da Sociedade Brasileira de
Anestesiologistas (SBA) e idealizador do Salve uma Vida, projeto de extensão da
Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), comemora a entrada em vigor da
medida. “Ela é importante exatamente porque se esses acidentes, seja a parada
cardíaca, seja a obstrução, acontecem na presença de alguém que sabe fazer as
manobras, dobra a chance de sobrevida dessa pessoa”, afirmou.
De
acordo com o médico, no caso da parada cardíaca, para cada minuto que a pessoa
fica sem a massagem cardíaca, diminui em 10% a chance de sobrevida. “Depois de
10 minutos em parada cardíaca, sem socorro, as chances de sobrevivência dessa
pessoa são mínimas. E caso ela sobreviva, provavelmente vai ter sequelas
neurológicas muito graves”, explicou o médico. “Então, o tempo é determinante.
No caso do engasgo em si, com um pedaço de carne ou uma bala, qualquer tipo de
alimento ou objeto, se aquele atendimento não for efetivo nos primeiros cinco a
10 minutos, muito provavelmente essa pessoa vai evoluir inevitavelmente para
uma parada cardíaca”, continuou.
Segundo
Erick Curi, a SBA iniciou há 10 anos o projeto Salve uma Vida, com treinamento
de voluntários que queriam aprender os primeiros socorros. “Nós levamos isso
para dentro da Universidade Federal do Espírito Santo. Transformamos o projeto
Salve uma Vida num projeto de extensão da universidade e, desde a
implementação, no âmbito da universidade, nós já treinamos mais de mil pessoas.
Isso tudo de maneira voluntária, gratuita”, completou.
“A
lei, do jeito que veio escrita, da forma como coloca a preocupação com a saúde
e com o atendimento imediato das crianças que podem se acidentar nas escolas,
vai fortalecer ainda mais nosso projeto. Nós estamos totalmente à disposição
das escolas municipais, estaduais e também particulares da nossa região para
auxiliar nesses treinamentos. Treinamos o público não-médico, o público leigo,
para prestar o socorro”, concluiu o médico.
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