quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Lava Jato no Rio mira dez deputados estaduais em investigação sobre 'mensalinho'

Chiquinho da Mangueira e André Corrêa estão presos. Entre os alvos está um secretário do governo de Luiz Fernando Pezão (MDB), que não é investigado. PF também busca documentos na Alerj e no Palácio Guanabara

Fachada da Alerj — Foto: Marcos Serra Lima/G1


Polícia Federal cumpre mandados de prisão contra 10 deputados estaduais do Rio de Janeiro e mais 12 pessoas em um desdobramento da Operação Lava Jato. Entre os alvos da Operação Furna da Onça também está Affonso Monnerat, secretário de governo de Luiz Fernando Pezão (MDB). O governador não é investigado. As investigações apontam que os envolvidos recebiam propinas mensais que variavam de R$ 20 mil a R$ 100 mil - além de cargos.
Três dos parlamentares foram presos no ano passado: Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi. O deputado estadual Chiquinho da Mangueira foi preso por volta das 7h25 desta quinta-feira; André Corrêa, seu colega de Alerj e ex-secretário de Meio Ambiente, às 8h10.
A investida, desta vez, mira esquema de compra de apoio político de parlamentares. O alvo é o grupo político da base do MDB do ex-governador Sérgio Cabral, que comanda o estado há mais de 10 anos. O nome da operação é referência a uma sala de reuniões localizada ao lado do plenário da Alerj onde deputados se reúnem para rápidas discussões antes das votações.
De acordo com as investigações, a organização criminosa, chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, pagava propina a vários deputados estaduais, a fim de que patrocinassem interesses do grupo criminoso na Alerj.
O “mensalinho” era resultado de sobrepreço de contratos estaduais e federais. De forma ilícita, os parlamentares eram beneficiados ainda com o loteamento de cargos em diversos órgãos públicos do estado, como o Detran, onde poderiam alocar mão de obra comissionada ou terceirizada.
A força-tarefa afirma que o esquema continuou mesmo após as operações do ano passado.
Os investigados devem responder, na medida de suas participações, pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.
Policiais federais cumprem mandados de busca e apreensão no Palácio Guanabara, sede do Executivo Fluminense, e no anexo da Alerj.

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Alguns dos alvos são:

Affonso Monnerat, secretário estadual de Governo;
André Correa (DEM), deputado estadual e ex-secretário estadual de Meio Ambiente, preso na Barra;
Chiquinho da Mangueira (PSC), deputado estadual reeleito, preso na Barra;
Coronel Jairo (MDB), deputado estadual não reeleito;
Edson Albertassi (MDB), deputado afastado - já preso em Bangu;
Jorge Picciani (MDB), deputado afastado - já em prisão domiciliar;
Leonardo Jacob, presidente do Detran;
Luiz Martins (PDT), deputado estadual reeleito;
Marcelo Simão (PP), deputado estadual não reeleito;
Marcos Abrahão (Avante), deputado estadual reeleito;
Marcus Vinícius Neskau (PTB), deputado estadual reeleito;
Paulo Melo (MDB), deputado afastado - já preso em Bangu;
Vinícius Farah (MDB), ex-presidente do Detran, eleito deputado federal;


A operação foi determinada por desembargadores da 1ª Seção Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) e se debruça também sobre a atual gestão do governo estadual, apesar de não haver citação direta ao governador Luiz Fernando Pezão.
Operação Cadeia Velha
Deflagrada em novembro de 2017, a operação levou para a cadeia os deputados Jorge Picciani, Paulo Mello e Edson Albertassi e investigou esquema de corrupção em que os deputados usavam da sua influência para aprovar projetos na Alerj para favorecer as empresas de ônibus e também as empreiteiras.
Atualmente, Jorge Picciani está em prisão domiciliar por causa de sua saúde e Paulo Mello e Albertassi seguem presos em Bangu.
Esta semana, o RJ2 mostrou trechos de escutas gravadas com autorização da Justiça na época da Cadeia Velha. Os áudios trazem Picciani articulando para sair da prisão, horas antes de se entregar, e o braço direito do então presidente da Alerj negociando recolhimento de propina.


G1

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