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Especialistas
dizem que uso incorreto do oxímetro pode
causar pânico e levar a erros
Foto: Reprodução/
Prefeitura de Arapongas
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Um efeito recente da pandemia do novo
coronavírus foi aumento no interesse por oxímetros, aparelhos que medem o nível
de oxigênio no sangue.
Ao custo de
algumas centenas de reais e sem necessidade de furar o corpo com uma agulha,
esses dispositivos portáteis ajudam a saber quanto oxigênio seu sangue está
transportando.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a
aferição da oxigenação sanguínea é muito importante em caso de doença pulmonar.
“Quando seu nível de oxigênio é baixo,
as células do seu corpo podem ter dificuldade de trabalhar apropriadamente.”,
diz a SBPT em seu site. A organização alerta também que níveis muito baixos de
oxigênio podem sobrecarregar o coração e o cérebro.
Como o oxímetro de pulso funciona?
Um oxímetro de pulso é uma pequena
unidade que deve ser colocada no dedo, ou um dispositivo portátil que pode ser
fixado ou adaptado também no lóbulo da orelha.
Feixes de luz do equipamento passam
através do sangue (no dedo ou lóbulo) para mensurar a porcentagem do transporte
de oxigênio. Este método também proporciona a leitura da frequência cardíaca
(pulso).
Qual o nível normal de oxigênio no sangue?
A maioria das pessoas precisa de um
nível de saturação de, no mínimo, 89% para manter suas células saudáveis. Uma
redução desse valor por um curto período não deve causar danos ao corpo, mas
longos períodos de baixa oxigenação podem causar problemas para as células.
As leituras dos oxímetros portáteis
costumam ter um bom nível de precisão, variando, em média, 2% acima ou 2%
abaixo do método tradicional por punção arterial. No entanto, o uso de esmaltes
ou unhas postiças, bem como baixas temperaturas das mãos ou deficiência na
circulação, podem afetar a leitura.
Devo ter um oxímetro em casa?
Depende. Especialistas dizem que a
compra de um oxímetro como medida preventiva para detectar casos de Covid-19,
além de não ser necessária, pode levar a erros e causar pânico de forma
desnecessária.
Isso porque pacientes com o novo
coronavírus apresentam sintomas como febre, dor no corpo, cansaço, dor de
cabeça, dor de garganta, antes de apresentarem insuficiência respiratória.
"Nunca um paciente com Covid-19 vai
ter como primeiro sintoma a queda na oxigenação no sangue", explica o
médico pneumologista do Hospital Israelita Albert Einstein, José Eduardo Afonso
Jr.
O pneumologista do Hospital Samaritano,
Mauro Gomes, concorda com o colega. "Isso pode fazer com que uma pessoa
que tenha um oxímetro em casa, cuja manutenção não esteja boa, constate uma
oxigenação baixa e vá, desnecessariamente, ao pronto-socorro, correndo o risco
de se contaminar", alerta o especialista.
A própria SBPT divulgou comunicado no
qual não recomenda o uso irrestrito de
oxímetro. A entidade ressalta que não há estudos científicos
que indiquem o monitoramento e ressalta que "a decisão sobre usar ou não o
aparelho em casa para monitorar o nível de oxigênio no sangue depende do
médico".
Então, quando comprar?
Especialistas dizem que o monitoramento
da oximetria, normalmente, é indicado para paciente com doenças preexistentes.
Nesses casos, o médico deverá informar com que frequência o monitoramento deve
ser feito, bem como qual mudança no fluxo de oxigênio deve ser vista como sinal
para procurar atendimento médico.
Abigail do Val, de 77 anos, comprou um
oxímetro por recomendação da fisioterapeuta do marido, que tem 86 anos, é
cardíaco e teve pneumonia recentemente. Ela mede diariamente o nível de
oxigênio no sangue do marido. "Ela nos orientou assim. É mais seguro e,
dependendo do resultado, pode ser um sinal."
A microempresária Ellen Requejo, de 44
anos, comprou um oxímetro depois que leu artigo na imprensa internacional que
relatava a baixa oxigenação como um sinal precoce de Covid-19. Ela conta que
usa o equipamento para monitorar o pai, que tem 74 anos e tem doença de
Parkinson.
"Uso o aparelho todos os dias de
manhã e à noite com o meu pai", diz. Ela própria também usa, pois faz
algumas semanas que teve alguns sintomas, como dor no corpo, tosse e diarreia e
achou que teve contato com o vírus. "Acho que estamos meio ao 'Deus
dará'", diz Ellen, fazendo referência à falta de soluções para a pandemia.
Quanto
custa?
Pela internet, é possível encontrar uma
enorme variedade de modelos de oxímetros, com preços que variam entre R$ 100 e
R$ 200.
Já em lojas especializadas em
equipamentos médicos, o dispositivo é encontrado, em média, na faixa de R$ 150.
Esses comércios apontam para o aumento na procura do aparelho, especialmente após a publicação de um artigo no
jornal americano The New York Times, assinado pelo médico Richard
Levitan.
A loja Gino, que trabalha com produtos
hospitalares, vendeu 200 oxímetros no último fim de semana maio, conta o
funcionário Felipe Siqueira. Na concorrente MercadoMed o produto também esteve
em falta, conta a vendedora Josefa Alves. Ela notou que os oxímetros, antes
procurados por profissionais da saúde, agora são vendidos para pessoas comuns.
A fabricante de oxímetros Transmai
trabalha a todo vapor para conseguir entregar os pedidos, mesmo nos finais de
semanas e feriados, conta o gerente da empresa, Mauro Tonucci. "As vendas
quadruplicaram", diz.
C/ Estadão Conteúdo
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