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A nimesulida pode afetar o
fígado de pacientes de forma severa e até fatal Foto: Reprodução |
A nimesulida, um dos
anti-inflamatórios mais consumidos no Brasil, é tóxica para o fígado e já teve
sua venda proibida em vários países. Nos últimos anos, diversos relatos
clínicos associaram casos de hepatotoxicidade ao uso do medicamento. Esses
efeitos colaterais preocupantes contribuíram para que o medicamento fosse
retirado de circulação em países como Espanha, Finlândia, Irlanda, Bélgica,
Dinamarca, Holanda e Suécia, Japão, Canadá e Estados Unidos. No Reino
Unido e na Alemanha, ele nunca chegou a ser aprovado. Entretanto, em países
como o Brasil e Portugal, a nimesulida permanece à venda.
Riscos
Uma revisão de literatura publicada na Revista Brasileira de
Farmácia (RBF) mostrou que a nimesulida pode afetar o fígado de pacientes de
forma severa e até fatal. Os pesquisadores acreditam que o consumo do
medicamento está associado a alterações nos padrões de funcionamento das
mitocôndrias – organelas que atuam na respiração celular -, levando à morte das
células do fígado. Por causa dos efeitos colaterais, os médicos tentam evitar
que o paciente use o remédio por muito tempo já que ele também pode afetar os
rins.
Outro artigo, publicado no Singapore Medical Journal apontou que
a nimesulida pode ter induzido mortes por insuficiência hepática, doença que
ocorre quando o fígado interrompe suas principais funções, como metabolizar e
sintetizar proteínas. Alguns dos sintomas mais comuns são pele e olhos
amarelados (icterícia), dor de barriga e inchaço. O relatório apontou que três
pacientes apresentaram hepatite aguda por terem ingerido o medicamento. Um
deles morreu de insuficiência hepática fulminante.
Por fim, um relato de caso publicado no European Journal of
Clinical Pharmacology revelou morte por insuficiência hepática aguda induzida
pela nimesulida. De acordo com os autores, outros 12 casos de lesão hepática
grave foram notificados. Ao longo dos anos, pesquisadores notaram que a
hepatotoxicidade associada à nimesulida apresenta algumas características em
comuns: aparição no sexo feminino (84% dos casos), idade média de 62 anos,
icterícia como manifestação primária (90%) e ausência de eosinofilia no sangue,
ou seja, os eosinófilos (células responsáveis pela defesa do organismo contra
parasitas e agentes infecciosos) não estavam sendo produzidos.
Anti-inflamatórios
são hepatotóxicos
É preciso ressaltar que não é apenas a nimesulida que pode
colocar em risco a saúde. Especialistas afirmam que todo anti-inflamatório pode
ter efeito hepatotóxico, especialmente em indivíduos com sensibilidade à
medicação. Por causa disso, médicos procuram ser cautelosos ao prescreverem a
medicação.
No caso de pacientes com alguma doença no fígado –
principalmente de nível crônico -, em que a ingestão da nimesulida pode causar
sangramento, aumentar as chances de reação ou surgimento de lesão aguda, não é
recomendado o uso do remédio. Para quem não sabe se tem problemas no órgão, é
aconselhada uma avaliação médica, especialmente porque os sintomas, como pele
amarelada e urina escura, costumam aparecer apenas nos estágios mais avançados
das doenças.
Casos raros
Apesar dos relatos, essas reações adversas graves são pouco
comuns, mesmo em mesmo em países como o Brasil, onde a venda média da
nimesulida varia de 70 a 100 milhões de unidades anualmente. Até o momento,
nenhum estudo relatou casos de problemas hepáticos em pacientes brasileiros,
mas é sempre necessário ser cuidadoso quando o assunto é utilização de
medicamentos.
Indicação
A medicação costumar ser indicada para alívio de dores agudas,
como dor de ouvido, garganta e de dente. Além disso, algumas mulheres utilizam
para controlar as cólicas menstruais. Já a forma em gel é usada para alívio das
dores de tendões, ligamentos, músculos e nas articulações em casos de
traumatismo.
Segundo informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), a nimesulida é uma substância que inibe a produção de enzimas
liberadas durante o processo de inflamação, tendo, portanto, efeito analgésico
e antitérmico.
Veja
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