quinta-feira, 14 de abril de 2016

Após debandada de aliados, governo admite que não tem votos para barrar o impeachment


Auxiliares de Dilma contabilizam com segurança 160 votos, 12 a menos do que o necessário



Após a debandada de mais dois partidos da base aliada — PSD e PTB encaminharão voto sim pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff —, o Palácio do Planalto passou a admitir nesta quarta-feira que não tem o número necessário para barrar o impeachment. Embora a versão oficial seja de que o governo conta com cerca de 200 votos, reservadamente auxiliares da presidente que participam da articulação política junto ao Congresso contabilizam com segurança apenas 160 votos, ou seja, 12 a menos do que o necessário para impedir a derrota no plenário da Câmara. Para tentar conter a debandada, Dilma resolveu fazer pressão, pessoalmente, sobre parlamentares que ainda apoiam o governo a fim de assegurar os votos que precisa.



No PMDB, deputados que estavam apoiando o governo admitem a redução drástica de votos em favor de Dilma. A bancada peemedebista se reúne na quinta-feira e deve formalizar o voto pela saída da presidente do cargo. Há uma ação forte de deputados do PMDB, com o aval do grupo do vice-presidente Michel Temer, com ameaças de negar legenda aos candidatos a prefeito que ainda resistem em ficar contra o impeachment. O avanço no apoio ao impeachment fica claro pela evolução dos deputados que declaram seus votos na enquete. Em apenas um dia, o número dos pró-impeachment saltou de 304 para 329, enquanto os contrários foram de 110 para 113.

Em reunião na quarta-feira, com uma passagem relâmpago do ministro da legenda Gilberto Kassab (Cidades), a bancada do PSD oficializou o voto a favor do impeachment. Pelas contas dos deputados, apenas 8 dos 38 mantinham disposição de votar contra o impedimento. Não haverá punição a quem votar contra. Até a noite de quarta-feira, Kassab (Cidades) não tinha anunciado se deixaria o cargo diante da decisão da legenda.
— A bancada vai encaminhar pela admissibilidade, para que vá para o Senado, porém, respeitará os parlamentares que têm divergência — disse o lider do PSD, Rogério Rosso (DF).

No PTB, 15 votam a favor do impeachment e 4 estão indefinidos, segundo o líder interino, Wilson Filho (PB). Indagado sobre a posição do ministro Armando Monteiro (Indústria e Comércio) e sua permanência no cargo, Wilson Filho afirmou:
— Ele é senador. O momento de expressar opinião sobre impeachment será quando chegar ao Senado.

No PMDB, a ofensiva foi para tentar barrar a ação de caciques do partido nos estados, principalmente no Nordeste, que pressionam os deputados a votar contra o impedimento. Aliados do líder Leonardo Picciani (RJ) admitiam na quarta-feira que o número de votos contra o impeachment tinha caído muito e que poderia ficar entre 8 e 5, da bancada de 65.

OPOSIÇÃO DIZ TER 349 VOTOS

No balanço feito na quarta-feira, a oposição garante ter obtido sete votos a mais do que os 342 necessários para aprovar o impeachment em plenário. Segundo o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), o balanço revela 349 votos a favor do impedimento, 127 contra e 37 indecisos.

— Vamos para uma vitória acachapante, redentora! E o viés é de alta, mais votos podem vir até o domingo — disse Mendonça.

Ciente da dificuldade que enfrenta entre os parlamentares, Dilma recebeu líderes da base que estiveram com o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), na quarta-feira no Planalto, e marcou para esta quinta-feira café da manhã no Palácio da Alvorada com os 27 deputados que votaram contra o impeachment na comissão especial.







OGlobo

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