quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Arquidiocese do Rio lança campanha para custear manutenção do Cristo

São quase R$ 5 milhões gastos anualmente para garantir a manutenção, os serviços e o pagamento de funcionários




O Cristo Redentor precisa de ajuda. Nem mesmo a Igreja Católica escapou dos esfeitos da crise que atinge o país. Pela primeira vez, em seus 85 anos, o monumento conhecido internacionalmente será alvo de um movimento para arrecadação de fundos. São quase R$ 5 milhões gastos anualmente para garantir a manutenção, os serviços e o pagamento de funcionários do santuário. As parcerias institucionais entre a Arquidiocese do Rio e empresas privadas já não estão sendo suficientes. Numa tentativa de superar o problema e evitar que projetos realizados no local sejam prejudicados, a campanha “Amigo do Cristo Redentor” será lançada na terça-feira, no alto do Corcovado. Ela é direcionada não só aos fiéis, mas a empresários e moradores que se sensibilizem com a situação do ponto turístico mais visitado do país. As doações poderão ser feitas pela internet ou em depósitos na conta do santuário.

Situação semelhante só aconteceu antes da construção, em duas campanhas realizadas pela Igreja Católica nos anos de 1923 e 1929. Foram as doações populares, que somaram 500 contos de réis, que garantiram a construção do monumento.
— Os registros históricos mostram como foi linda toda a mobilização do povo brasileiro, empenhado em fazer doações para erguer o Cristo Redentor. O mesmo precisa acontecer agora, para a sua conservação e para a manutenção dos trabalhos socioculturais que realizamos — destaca o reitor do Santuário Cristo Redentor, padre Omar Raposo.

Atualmente, são mais de R$ 3 milhões por ano só com despesas de manutenção. As intempéries, que eventualmente danificam a estátua, também geram custos extras para a Arquidiocese. Além disso, a Igreja gasta R$ 1,3 milhão com o pagamento de 30 funcionários e cerca de R$ 720 mil com a realização de projetos socioculturais, como ações de serviço social, sistema de comunicação, iluminações especiais visando à conscientização sobre diversos temas relevantes, exposições e pocket shows.
— A crise está por todos os lados. Temos dificuldades em conseguir novos parceiros institucionais, e também não há certeza de que os atuais continuem conosco. A verba da igreja, o dízimo, também diminuiu consideravelmente. O decréscimo já é notado em todas as paróquias. O fiel é atingido pela crise e percebemos isso nas colaborações — afirmou o padre Marcos William, coordenador de comunicação da Arquidiocese, ressaltando que os projetos socioculturais e a assistência aos turistas e pessoas com deficiência podem ser prejudicados caso a ajuda esperada não apareça.

TRÊS MILHÕES DE VISITANTES POR ANO


Para o arcebispo do Rio, cardeal dom Orani Tempesta, a campanha é uma forma de manter o trabalho de evangelização numa das sete maravilhas do mundo moderno:
— O Cristo é um monumento que fica no Brasil, no Rio, é um patrimônio da humanidade e uma das maravilhas do mundo moderno. Desde que a Igreja assumiu seus direitos, cabe à Arquidiocese do Rio responder por toda a manutenção. Por isso, se justifica o lançamento da campanha, que visa à colaboração dos fiéis para que continuemos esse importante trabalho de evangelização.

O Cristo Redentor recebe cerca de três milhões de pessoas por ano. No entanto, a Arquidiocese do Rio afirma não receber qualquer centavo da bilheteria de acesso ao Parque Nacional da Tijuca, onde está situado o santuário. Procurada, a administração do parque não informou se pretende colaborar com o monumento de alguma forma. O prefeito eleito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), disse que pretende ajudar o santuário, mas não se comprometeu com a campanha.
— Vai depender da situação financeira do município — declarou.

Com 2016 já chegando ao fim, a maior preocupação da Igreja é com a manutenção necessária para o ano que vem. Um levantamento realizado pela Cone Sul Construções indica que o Cristo precisará passar por obras emergenciais que evitem o risco de danos irreversíveis e por outras de manutenção preventiva, como coletas e análises laboratoriais dos materiais construtivos e dos elementos químicos utilizados no restauro.

Como o monumento sofre um grande número de descargas elétricas durante todo o ano, também será necessário providenciar um novo sistema de para-raios.

Todos os trabalhos a serem realizados no monumento serão previamente informados ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para serem autorizados.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Alfredo Lopes, campanhas como esta são normais aos redor do mundo:
— Os grandes monumentos no mundo todo precisam se manter de alguma forma e é mais que normal a realização desse tipo de campanha. Não podemos, em hipótese alguma, ter aquele símbolo da cidade degradado.

OGlobo



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