Órgão afirma que houve 'conivência dos dirigentes' com a
Força Jovem, que, menos banida pela Justiça, frequentava as partidas do clube

O Ministério
Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) pediu, nesta quinta-feira, o
afastamento imediato do presidente do Vasco, Eurico Miranda, do seu vice,
Silvio Aquiles Hildebrando Godoí, e de toda a diretoria do clube. De acordo com
o órgão, houve uma "conivência dos dirigentes" com a torcida
organizada Força Jovem, que, mesmo banida pela Justiça dos estádios desde 2014,
tinha permissão para frequentar as partidas do Vasco.
O MP destacou que a
organizada teria provocado a briga generalizada que resultou na morte do
torcedor vascaíno David Rocha Lopes, de 27 anos. A vítima foi baleada no tórax
perto de São Januário após um confronto iniciado dentro do próprio estádio, no
dia 8 de julho, durante o clássico entre Vasco e Flamengo.
A ação do órgão se
baseia no inquérito civil do Grupamento Especial de Policiamento nos Estádios
(Gepe) da PM. O Ministério Público reforçou ainda que alguns integrantes da
Força Jovem continuavam assistindo aos jogos em São Januário. Além disso, uma
parte deles era contratada como "Steward", como são chamados os
seguranças particulares que atuam nos eventos esportivos.
Segundo a ação, um
camarote para a torcida também foi inaugurado no estado. Para o MP, ao
contratar os integrantes da Força Jovem como seguranças, o clube
"descumpriu o dever de reduzir o risco para a segurança do evento e
contribuiu ativamente para a ocorrência do conflito entre os torcedores,
violando o direito do torcedor à segurança".
O MP explicou que, no
dia do jogo, o integrante Sidnei da Silva, conhecido como 'Tindô', foi
contratado para trabalhar na função. Ele foi devidamente identificado com
crachá do Vasco e colete refletivo. Na ocasião, ele ficou responsável pelo
portão 9 do estádio, principal entrada das torcidas organizadas.
De acordo com a ação,
este fato pode ter contribuído para a confusão generalizada que ocorreu após a
partida, "tendo em vista a grande quantidade de objetos, bombas e outros
artefatos que foram arremessados e disparados pela torcida vascaína contra os
torcedores e jogadores do time rival, policiais, jornalistas e outros
profissionais da área que se encontravam no estádio".
A ação mostrou que
Rodrigo Granja dos Santos, conhecido como 'Batata', integra o quadro de
funcionários do clube, exercendo a função de segurança particular. O MP afirmou
que ele confessou a vinculação ao Vasco em depoimento prestado em 21 de junho
ao juiz de plantão do Juizado do Torcedor. "A presença constante de Batata
no clube e no estádio é mostrada também em registros fotográficos obtidos no
curso das investigações em redes sociais", disse o órgão.
"O MP defende
que o clube mandante e os administradores dos estádios têm o dever de prevenir
atos ilícitos que possam ser praticados por torcedores, uma vez que detém o
controle das instalações desportivas utilizadas, como preconiza o artigo 14 do
Estatuto do Torcedor . No episódio de violência ocorrido na partida entre Vasco
e o Flamengo ficou evidente a total falta de condições do clube réu, tanto como
mandante de campo, como enquanto administrador do estádio, de receber uma
partida da grandeza de um “clássico” entre as duas maiores torcidas do
Rio", completou, em nota.
ODia
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