Comissão de Segurança da Alerj pede apuração à
Procuradoria-Geral da República
A Comissão de Segurança
Pública da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) enviou
uma representação à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pedindo
apuração das declarações do ministro da Justiça, Torquato Jardim, sobre a segurança
pública do estado. Em entrevistas à imprensa nesta terça-feira (31/10), ele
criticou as forças estaduais, afirmando, entre outras coisas, que o comando de
batalhões da Polícia Militar é definido por “acerto com deputado estadual e o
crime organizado.”
Presidente da comissão, a
deputada Martha Rocha (PDT) classificou a afirmação como leviana e
irresponsável. "Essa comissão não vai se calar diante da declaração do
ministro. Temos que ser incisivos e interpelar o ministro. O mínimo que podemos
exigir é que ele esclareça com nomes, datas e fatos do que disse",
declarou. Além da PGR, serão enviados ofícios pedindo esclarecimentos ao
próprio Ministério da Justiça e à Câmara dos Deputados, pedindo posicionamento
do legislativo federal.
O presidente da Alerj, deputado
Jorge Picciani (PMDB), também se manifestou, lembrando que não há qualquer
interferência na segurança estadual há mais de uma década. "A declaração é
de quem não tem nenhum conhecimento, de quem é irresponsável e de quem age com
má fé. Há onze anos, só interferiu na área de segurança do Rio de Janeiro, o
doutor Beltrame e o doutor Roberto Sá", destacou.
Reações
em plenário
O assunto também foi tema
de discursos durante a sessão plenária desta terça-feira. O deputado Flávio
Bolsonaro (PSC) disse que recebeu ligações de policiais reclamando das
declarações. "Os oficiais estão revoltados com esta leviandade do
ministro. 'Estou perdendo gente todo dia do meu efetivo e ainda tenho que ler
isso?', me disse um deles", declarou Bolsonaro. "Ou o ministro prova o
que disse, ou pede para sair do cargo", finalizou.
Para o deputado Luiz Paulo
(PSDB), a obrigação do ministro é garantir as investigações e a atuação das
forças sob sua responsabilidade. "Se ele tem desconfianças, que
investigue. Mas não diga de forma que atinge a todos, sem exceção. Isso não é
comportamento de um Ministro da Justiça", afirmou.
O deputado Paulo Ramos
(PSol) afirmou que o ministro é irresponsável, e cobrou respostas. "Sendo
ele ministro da Justiça, a primeira obrigação seria mandar apurar. Na medida em
que ele faz essas declarações, já há a obrigatoriedade de chamá-lo a
responsabilidade", declarou.
A deputada Enfermeira
Rejane (PC do B) disse que a entrevista causou revolta. "Uma pessoa que
está num cargo público não pode simplesmente deixar no ar esse tipo de
declaração tão grave", destacou ela.
Exoneração
Outros deputados cobraram uma posição mais enérgica do Executivo estadual sobre a questão. O governador
Luiz Fernando Pezão se manifestou por meio de nota, negando interferências
na segurança estadual. Para o deputado Comte Bittencourt (PPS), seria
necessário um pronunciamento público. "O mínimo que poderia acontecer era
ele pedir exoneração ou ser demitido. O governador deveria fazer uma cobrança
ao presidente da República", defendeu.
Para o deputado Silas Bento
(PSDB), a declaração só prejudica a segurança no Rio. "Esse ministro não
pode ficar à frente de uma pasta tão importante como essa. É necessário que
seja exonerado", cobrou.
O deputado Wanderson
Nogueira (PSol) cobrou mais ações efetivas das forças federais. "Não dá
para discutir essas declarações infelizes sem dizer que o Governo Federal é o
maior responsável pela entrada de armamentos no País", lembrou.
COMPARTILHE
Curta Nossa Página no Facebook