sábado, 14 de janeiro de 2017

Polícia Civil do Rio inicia paralisação por falta de pagamento


Policiais civis do Rio deram início a uma paralisação neste sábado, devido à falta de pagamentos salários de dezembro de 2016 e do 13º salário. O ato foi decidido em assembleia. No entanto, estão mantidos os serviços emergenciais, de acordo com a instituição.

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado do Rio de Janeiro (Sindelpol) havia dito que a paralisação total das atividades nas delegacias seria num período de quatro horas: das 8h ao meio-dia deste sábado. Mas, de acordo com os agentes, eles vão trabalhar somente em casos graves, como remoções de cadáver em via pública, flagrantes e atividades da Divisão de Homicídios e da Delegacia Antissequestro (DAS).

Batizada de “Operação Basta”, a mobilização iniciada neste sábado deve ser mantida até que sejam pagos os salários referentes ao mês de dezembro. A ação consiste em só registrar flagrantes, termos circunstanciados, crimes violentos, crimes da Lei Maria da Penha e crimes que exijam diligências urgentes, como uma perícia por exemplo.

Pela manhã, quem precisou fazer um registro de ocorrência teve que esperar. O balconista Ronaldo Gerônimo de Almeida, 53 anos, morador da Penha, na Zona Norte da capital, foi à 22ª DP, no mesmo bairro, para registrar uma agressão que sofreu de um parente usuário de drogas. Mas teve que esperar por três horas para ser atendido:
— Ele me machucou, bateu muito em mim e no meu pai também. Cheguei aqui às 9h e, mesmo com dores no corpo, estou tendo que esperar. Isso é um absurdo, mas a culpa é do estado e não destes policiais que estão passando dificuldades sem receber.

Na porta da delegacia um agente desabafou:
— Estou fazendo 27 anos de Polícia Civil e nunca imaginei que fosse passar por uma dificuldade financeira tão grande. Estou vindo trabalhar com ajuda financeira da minha mãe, que é funcionária pública federal aposentada. Isso é uma vergonha — disse o policial, que preferiu não se identificar: — Estamos numa situação tão grave que esses dias atendi uma médica, funcionária do Estado, que teve o carro roubado e para que ela pudesse voltar para casa, tive que pagar do meu bolso um Uber para ela.

Vítima de um assalto na Avenida Brás de Pina, na Penha, a estudante Caroline Oliveira, de 21 anos, também tomou um chá de cadeira para conseguir fazer o registro.
— Estamos vivendo um caos, não temos policiamento aqui na rua e chegamos ao cúmulo de não poder registrar a ocorrência. Por mais que eu esteja muito chateada de terem levado minha bolsa com dinheiro, documento e celular, não posso deixar de apoiar a atitude desses policiais. Eles também precisam ser tratados com dignidade — opinou a estudante.

Na 12ª DP (Copacabana), as vítimas de assalto que tentavam registrar ocorrência também tiveram que voltar na parte da tarde:
— Estamos com nosso salário atrasado e até hoje o estado não depositou nosso 13º salário. Fica difícil trabalhar dessa forma — disse outro agente que preferiu manter o anonimato.

O Sindelpol decidiu que a partir desta segunda-feira, todos os dias, às 13h, todas as delegacias farão uma paralisação geral pelo período de uma hora. Esse foi o jeito encontrado pela categoria de protestar contra o estado pelo não pagamento do 13º. Apenas a Divisão de Homicídios e a unidade anti-sequestro estarão operando. Após as 16h está programado ainda a “Operação Basta”. Serão feitos apenas atendimentos básicos, como registros de ocorrências, perícias e autos de prisão.

A operação continuará até que seja pago o salário de dezembro da categoria. Até esta sexta-feira, 10º dia útil e data limite para o pagamento, nada foi depositado para a Segurança Pública. As demais categorias ligadas à Polícia Civil farão uma assembleia no dia 16 e deverão adotar medidas semelhantes.
— O motivo é a situação absurda que estamos vivendo. Estamos trabalhando no limite há muito tempo. A Polícia Civil tem trabalhado sem nenhuma condição. O Estado deve para a gente o Plano de Meta que está há mais de um ano sem ser pago. Estamos sem 13º e, mesmo assim, temos trabalhado com dignidade. Toda semana tem operação — reclamou Rafael Barcia, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado do Rio de Janeiro (Sindelpol)

A Chefia da Polícia Civil informou que não se manifesta sobre decisão de entidade de classe, mas afirma que os serviços emergenciais serão mantidos.

OGlobo


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