quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Debate no Rio tem Garotinho e Pezão no ataque e dobradinha Crivella-Lindbergh

Segurança pública foi principal foco das discussões no evento promovido pela Rede TV!; governador e ex-governador trocaram acusações ao falar de milícias

Faltaram propostas e sobraram trocas de acusações no segundo debate na TV aberta entre candidatos ao governo do Rio de Janeiro, nesta terça-feira. No evento promovido pela Rede TV!, os senadores Marcelo Crivella (PRB) e Lindbergh Farias (PT) chegaram a trocar afagos e priorizaram os ataques ao governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e ao ex-governador Anthony Garotinho (PR). Pezão e Garotinho alternaram críticas entre si, mas também fizeram acusações contundentes contra Lindbergh.

O debate começou com uma pergunta provocativa de Lindbergh a Pezão. Em quarto lugar nas pesquisas, o petista, ex-prefeito de Nova Iguaçu, tenta agora se apresentar como "terceira via" e perguntou por que Pezão não mencionava na propaganda televisiva que trabalhou como secretário estadual de governo de Rosinha Garotinho (2003-2006), esposa de Anthony. Na defensiva no primeiro debate, na TV Bandeirantes, desta vez Pezão partiu para o embate, assessorado nos intervalos por William Passos e Marcelo Carneiro, diretores da agência Prole, envolvidos na campanha peemedebista. "Me surpreendo muito pelo senhor me questionar e não debater os problemas do Estado. Largou sua prefeitura com cinco anos de mandato. Tive oportunidade de levá-lo a mais de 85 cidades desse estado para ajudá-lo na sua campanha a senador (em 2010)", rebateu. Lindbergh voltou à carga: "O senhor escondeu a sua participação no governo Garotinho e está escondendo Sérgio Cabral do programa de televisão. Não podemos ficar com esses nomes aí".

O principiante Tarcísio Motta (PSOL), na primeira disputa eleitoral, alternou ataques contra os rivais enquanto pregava para convertidos à cartilha do partido. Motta aproveitou a recente apreensão de remédios e material de campanha de Garotinho na Favela da Maré para provocar o ex-governador. Garotinho repetiu a versão de que não sabia como os produtos foram parar lá e foi chamado de "mentiroso profissional" na tréplica do socialista: "Pois é, Garotinho, você sabe o que caracteriza um mentiroso profissional? Acreditar na própria mentira. Favela não é lugar para comprar voto".

Mas Garotinho, com sugestões feitas no intervalo pelo marqueteiro André Schaer e pelo assessor Cleiton Rodrigues, preferiu manter a estratégia de priorizar os ataques a Pezão.  Ao responder à pergunta de um jornalista, que indagou se o ex-governador não tinha receio de fortalecer as milícias ao liberar o uso de vans sem restrições, como tem prometido, Garotinho aproveitou para atacar o PMDB e o ex-governador Sérgio Cabral. Tentou minimizar o envolvimento de milicianos no transporte alternativo, mencionando as suspeitas de crime contra o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB), ex-secretário municipal de governo do prefeito Eduardo Paes (PMDB), e a viagem de Cabral e secretários a Paris em que posaram com guardanapos na cabeça. "Pode ter miliciano que dirige van. Mas quem é mais nocivo? Miliciano que dirige van ou deputado que tem conta na Suíça e até poucos dias era secretário da Prefeitura do Rio? É mais nocivo quem vai dançar na boquinha da garrafa em Paris ou trabalhador que dirige van?", provocou.

Segurança Pública – A resposta debochada foi a deixa para que Pezão acusasse o ex-governador de ligação com milícias, centralizando o debate em questões de segurança pública. "A ligação de milícias com o ex-governador foi notória", acusou Pezão. Garotinho rebateu: "Pezão está com amnésia. Era secretário de governo da Rosinha. Só se o pessoal se reunia na secretaria de governo e eu não sabia".

Auxiliado nos intervalos pelo marqueteiro Lula Vieira, Crivella usou o discurso habitual para se mostrar preocupado com a área. Repetiu que escalou o general do Exército José da Costa Abreu como candidato a vice-governador, para cuidar da segurança pública, e mencionou propostas de criar um batalhão de motociclistas e um Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) no interior. Pezão minimizou a recente escalada da violência em favelas com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) . "Esse processo (de pacificação) passa por teste no período eleitoral, quando algumas pessoas falam que UPP são de lata e fazem com que o tráfico volte", alegou.

Lindbergh pede votos para Crivella e Tarcísio – Apesar de se apresentar como representante da nova política, Lindbergh teve de responder à pergunta de um jornalista sobre o prejuízo deixado no fundo de previdência dos servidores de Nova Iguaçu, que motivou um inquérito contra o petista no Supremo Tribunal Federal. "Não é rombo, é dívida da prefeitura e 75% dela foi feita pelo prefeito anterior. Você sabe que eu não tenho nenhuma condenação, situação completamente diferente do Garotinho e do Pezão", tergiversou. Em cada intervalo, o petista era orientado pelo marqueteiro Valdemir Garreta. Isso não impediu que em determinado momento Lindbergh surpreendesse assessores enquanto tentava se apresentar como novidade. Defendeu que, para não votar em Garotinho e Pezão, o eleitor considerasse não só ele próprio mas também Crivella e Motta. "Se não quiser votar em mim, olhe pro Tarcísio ou pro Crivella. É preciso construir uma nova política no estado do Rio", afirmou.

O discurso, considerado derrotista por adversários, foi ironizado pela deputada estadual Clarissa Garotinho (PR), filha de Anthony, após o debate. Enquanto saía do teatro onde ocorreu o evento, ela passou ao lado do petista e brincou em voz alta. "Lindbergh já está preparado para derrota". O senador revidou: "Esse discurso não é bom nem para vocês".
 

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