O presidente Michel
Temer afirmou que a reforma da Previdência é uma "necessidade
indispensável", sob pena de o país em no máximo cinco anos atravessar
problemas de solvência fiscal como a Grécia e Portugal que encontraram
dificuldades para pagar em dia salários de funcionários públicos e
aposentadorias.
"Nós temos problemas
sociais importantíssimos que depende muito da higidez orçamentária, e, se nós
não tivermos a redução do déficit orçamentário, daqui a pouco nós não teremos
programas sociais, investimentos", disse Temer, em entrevista veiculada
no sábado pela TV Bandeirantes.
O presidente destacou que, se
a reforma não for aprovada, é preciso ver que caminho vai se tomar, porque
"será uma grande decepção para o desenvolvimento" do país. Ele entra
esta semana numa etapa decisiva para a reforma com a apresentação, pelo relator
da proposta, deputado Arthur Maia (PPS-BA), do seu parecer na terça-feira do
texto aos integrantes da comissão especial da Câmara.
Temer afirmou que o governo
tem entrado "acentuadamente" na discussão com sua base aliada para
aprovar a reforma da Previdência. Esse comentário ocorreu após uma pergunta
sobre a base que o Palácio do Planalto dispõe para aprová-la, uma vez que o
governo teria perdido votos no debate sobre o projeto de terceirização,
apreciado recentemente pelo Congresso. Ele, contudo, disse que o governo não
entrou na discussão sobre a terceirização.
O presidente disse que a
proposta de reforma vai garantir uma "panificação" de todas as
categorias, isto é, o tratamento dos funcionários públicos e da classe política
será igual. Ele afirmou que a aposentadoria dos militares - que, por ora, ficou
de fora da proposta em tramitação no Congresso - também terá "modificações
substanciosas" em relação ao que ocorre atualmente.
Temer defendeu os recuos que o
governo fez na negociação da reforma com o Congresso. Ele citou números da área
econômica segundo os quais antes das mudanças a economia com a Previdência
seria de 800 bilhões de reais e, agora, caiu para algo em torno de 600 bilhões
de reais. "É melhor ter uma redução de 600 bilhões de reais ou não ter
nenhuma redução?", questionou.
O presidente considerou
"normal" que um projeto "pesado" como o da reforma da
Previdência passe por mudanças no Congresso e rebateu críticas sobre as
alterações em discussão: "Isso tem sido nomeado de recuo, isso é uma
mentalidade, com a devida vênia, autoritária".
Temer disse ter pego um país
convulsionado quando assumiu, mas disse ter resolvido levar adiante as reformas
e que a operação Lava Jato deve seguir seu ritmo normal. Ele disse saber que os
fatos não são "alvissareiros", ao contrário, são
"péssimos", mas frisou que o país não pode parar"
Inflação
Temer defendeu a posição do
Banco Central (BC) na política de juros, quando perguntado se faltava ousadia à
autoridade monetária em promover cortes mais significativos na taxa Selic. Na
semana passada, o BC reduziu a taxa em 1 ponto porcentual, para 11,25 por cento
ao ano. Ele disse que a instituição não está agindo de forma populista.
(Por Ricardo Brito)
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