domingo, 2 de abril de 2017

Estado não recebe cadernetas de vacinação do governo federal desde maio de 2016



Maternidade Maria Amélia: mães saem com a xerox de uma folha da
 caderneta, que tem 92 páginas
Foto: Pedro Zuazo



Mãe de primeira viagem, Karina da Silva, de 32 anos, ficou com uma preocupação a mais ao deixar o Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, na última quarta-feira. Com a recém-nascida Jéssica no colo, ela foi informada que havia acabado o estoque de cadernetas de vacinação da unidade. Em vez de receber o livro de 92 páginas, elaborado pelo Ministério da Saúde, precisou se contentar com a xerox de uma única folha da publicação.
O caso não é isolado. A caderneta de vacinação está em falta em todo o Rio, tanto na rede pública quanto na privada, desde o início do ano. O desabastecimento é reflexo de uma decisão da Justiça, de dezembro de 2015, que suspendeu o contrato do governo federal com a Gráfica Brasil, alvo da Operação Acrônimo, da Polícia Federal. A empresa imprimia as cadernetas para todo o país.


Apesar de não ser necessária para vacinar a criança, a publicação é considerada instrumento essencial para registro e consulta de informações sobre a saúde do bebê.
— A gente ouve tanta notícia sobre microcefalia, dengue, febre amarela. Minha maior preocupação é acompanhar bem a saúde da minha filha, e agora vou ter um instrumento a menos para me ajudar nessa tarefa — lamenta Karina, que é psicóloga e mora em Santa Teresa.
O núcleo do Ministério da Saúde no Rio diz, em nota, que a impressão das cadernetas está em “fase final de processo licitatório”. Sem dar um prazo para o envio de novas remessas da publicação, o órgão informa que as secretarias estaduais e municipais podem solicitar o arquivo para fazer a impressão por conta própria.
De acordo com a Secretaria estadual de Saúde, a última remessa enviada ao Rio chegou em maio de 2016. Como alternativa ao desabastecimento, as secretarias municipais e estaduais alegam estar disponibilizando versões simplificadas da publicação.

‘É o manual de instrução da criança’
O desabastecimento das cadernetas de vacinação é um retrocesso, na opinião do pediatra Antonio Carlos Turner, da clínica Total Kids. Segundo ele, a publicação é fundamental para que pais e profissionais acompanhem o desenvolvimento da criança.
— Traz informações como peso e altura do bebê, o tipo sanguíneo, com quantas semanas a criança nasceu, os testes do olhinho, da orelhinha e do coraçãozinho, entre muitas outras — explica ele. — Para os profissionais, é um importante instrumento de acompanhamento e para as mães é como um manual de instrução da criança, pois traz até dicas sobre amamentação.


Enquanto não normaliza a distribuição das cadernetas, o Ministério da Saúde sugere o uso do aplicativo “Vacinação em Dia”, disponível para uso em celulares e tablets.

O aplicativo é capaz de gerenciar cadernetas de vacinação cadastradas pelo usuário e de abrigar informações sobre as vacinas oferecidas pelo SUS. O aplicativo também traz lembretes sobre as campanhas sazonais de vacinação. O app calcula, por exemplo, quando o usuário deve comparecer ao posto de vacinação para uma nova imunização.

Extra

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