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Maternidade Maria Amélia: mães saem com a xerox de
uma folha da
caderneta, que tem 92 páginas
Foto: Pedro Zuazo
|
Mãe de primeira viagem, Karina da
Silva, de 32 anos, ficou com uma preocupação a mais ao deixar o Hospital
Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, na última quarta-feira. Com a
recém-nascida Jéssica no colo, ela foi informada que havia acabado o estoque de
cadernetas de vacinação da unidade. Em vez de receber o livro de 92 páginas,
elaborado pelo Ministério da Saúde, precisou se contentar com a xerox de uma
única folha da publicação.
O caso não é isolado. A caderneta de
vacinação está em falta em todo o Rio, tanto na rede pública quanto na privada,
desde o início do ano. O desabastecimento é reflexo de uma decisão da Justiça,
de dezembro de 2015, que suspendeu o contrato do governo federal com a Gráfica
Brasil, alvo da Operação Acrônimo, da Polícia Federal. A empresa imprimia as
cadernetas para todo o país.
Apesar de não ser necessária para
vacinar a criança, a publicação é considerada instrumento essencial para registro
e consulta de informações sobre a saúde do bebê.
— A gente ouve tanta notícia sobre
microcefalia, dengue, febre amarela. Minha maior preocupação é acompanhar bem a
saúde da minha filha, e agora vou ter um instrumento a menos para me ajudar
nessa tarefa — lamenta Karina, que é psicóloga e mora em Santa Teresa.
O núcleo do Ministério da Saúde no Rio
diz, em nota, que a impressão das cadernetas está em “fase final de processo
licitatório”. Sem dar um prazo para o envio de novas remessas da publicação, o
órgão informa que as secretarias estaduais e municipais podem solicitar o
arquivo para fazer a impressão por conta própria.
De acordo com a Secretaria estadual de
Saúde, a última remessa enviada ao Rio chegou em maio de 2016. Como alternativa
ao desabastecimento, as secretarias municipais e estaduais alegam estar
disponibilizando versões simplificadas da publicação.
‘É o manual de instrução da criança’
O desabastecimento das cadernetas de
vacinação é um retrocesso, na opinião do pediatra Antonio Carlos Turner, da
clínica Total Kids. Segundo ele, a publicação é fundamental para que pais e
profissionais acompanhem o desenvolvimento da criança.
— Traz informações como peso e altura
do bebê, o tipo sanguíneo, com quantas semanas a criança nasceu, os testes do
olhinho, da orelhinha e do coraçãozinho, entre muitas outras — explica ele. —
Para os profissionais, é um importante instrumento de acompanhamento e para as
mães é como um manual de instrução da criança, pois traz até dicas sobre
amamentação.
Enquanto não normaliza a distribuição das cadernetas, o Ministério da Saúde sugere o uso do aplicativo “Vacinação em Dia”, disponível para uso em celulares e tablets.
O aplicativo é capaz de gerenciar
cadernetas de vacinação cadastradas pelo usuário e de abrigar informações sobre
as vacinas oferecidas pelo SUS. O aplicativo também traz lembretes sobre as
campanhas sazonais de vacinação. O app calcula, por exemplo, quando o usuário
deve comparecer ao posto de vacinação para uma nova imunização.
Extra
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