Abra sua mente. É o que propunha o primeiro trailer do filme Doutor
Estranho, lançado em abril. O conselho ainda vale para quem se dirigir
aos cinemas, a partir do dia 2, para assistir ao novo longa-metragem da Marvel.
A trama traz um super-herói diferente daquele com que o público se acostumou.
Em vez de força bruta ou tecnologia, o Doutor Estranho usa a espiritualidade e
forças cósmicas primordiais para lançar feitiços. Mas esqueça qualquer
semelhança com Harry Potter (a não ser que Harry, mais velho, começasse a usar
mescalina).
O Doutor Estranho foi criado em 1963 e ganhou força nos anos seguintes,
quando a psicodelia, os alucinógenos e o orientalismo influenciavam a arte e o
entretenimento. Alguns outros heróis daquela mesma fornada brandiam artefatos
com nomes como “joia da alma” e invocavam poderes como “consciência cósmica”.
Diante de mistérios e inimigos que desafiam a compreensão, o Doutor Estranho às
vezes reage entrando em posição de lótus, saindo em viagem astral e explorando
outros planos da existência. “Adolescentes e adultos queriam expandir suas
mentes, e o Doutor Estranho falou bem alto àqueles que exploravam outras
realidades”, afirma o escritor Steve Englehart, autor de diversas
histórias em quadrinhos das editoras DC e Marvel, entre elas
algumas do próprio Doutor Estranho.
A jornada de Steven Strange (Benedict Cumberbatch) segue o
traçado clássico de muitos heróis da mitologia e da cultura pop – um
homem arrogante e poderoso sofre com adversidades, aprende na marra a ser mais
humilde e se redescobre, mais forte, mais nobre e com novos propósitos. Bons
roteiristas e diretores conseguem recontar essa jornada muitas e muitas vezes
de forma sempre surpreendente, e isso ocorre no filme.
Dirigido por Scott Derrickson e produzido por Kevin
Feige, ele reprisa nas telas o que se encontra nas páginas dos quadrinhos:
uma viagem hipnótica por um caleidoscópio. Combina o estilo de outros
longas-metragens imersivos como Matrix e A origem.
É o blockbuster mais deslumbrante do ano e conta com elenco arrasador.
Cumberbatch, mais conhecido por seu papel na série Sherlock Holmes (e
também por participações nas franquias Jornada nas estrelas e O
hobbit), é o mais novo queridinho dos fãs da cultura pop. Seu carisma
promete derrubar Robert Downey Jr., o Homem de Ferro,
de seu lugar cativo nos filmes da Marvel. A camaleoa andrógina Tilda
Swinton convence o mais incrédulo dos espectadores de que o movimento de
suas mãos pode conjurar encantos. Os ótimos Chiwetel Ejiofor (12
anos de escravidão) e Benedict Wong (Marco Polo)
são coadjuvantes dos sonhos.
Revista Época
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