quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Texas impõe rótulo de alerta a produtos como Doritos, M&M’s e Skittles

Foto: reprodução/Agência GBC


O governo do Texas aprovou uma lei inédita nos Estados Unidos que pode obrigar empresas como PepsiCo, Mars e Wrigley a exibir, em embalagens de produtos populares como Doritos, M&M’s e Skittles, o rótulo de advertência:

“Atenção: este produto contém ingredientes não recomendados para consumo humano.”

A medida, que entra em vigor em janeiro de 2027, faz parte do Senate Bill 25, projeto de lei que lista 44 aditivos alimentares considerados controversos por órgãos reguladores da União Europeia, Canadá, Austrália e Reino Unido. Entre eles estão corantes artificiais, dióxido de titânio e conservantes BHA e BHT — substâncias que, embora permitidas nos Estados Unidos, já foram proibidas ou limitadas em outros países por potenciais riscos à saúde.

O que há dentro de cada pacote

Nos Doritos, fabricados pela PepsiCo, a presença de corantes artificiais como Red 40 e Yellow 6, além de glutamato monossódico, é um dos principais alvos da nova legislação. Esses aditivos são responsáveis pela cor intensa e pelo sabor marcante do salgadinho, mas estudos internacionais associam seu consumo excessivo a reações alérgicas e hiperatividade em crianças.

Já os M&M’s, da Mars, contêm corantes sintéticos e dióxido de titânio, usado para dar brilho às cores das confeitos. O ingrediente foi banido na União Europeia em 2022, após pesquisas indicarem que partículas de titânio poderiam acumular-se no organismo e afetar células do intestino.

O mesmo aditivo aparece nos Skittles, conhecidos por suas cores vivas. Além do dióxido de titânio, o doce possui sabores artificiais e conservantes como BHA e BHT, utilizados para evitar a oxidação de gorduras. Esses compostos são considerados possíveis carcinogênicos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Indústria reage

Fabricantes e associações do setor alimentício reagiram com veemência à decisão. As companhias argumentam que todos os ingredientes usados são aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), órgão federal responsável por regular alimentos e medicamentos nos EUA.

Em nota, representantes da indústria afirmaram que o projeto de lei “se baseia em proibições estrangeiras que não refletem a realidade científica americana” e alertaram para o risco de confundir consumidores e elevar custos de produção.

Especialistas também questionam a redação da norma, afirmando que alguns ingredientes listados não são de fato proibidos nos países citados, mas apenas regulamentados com restrições de uso.

Saúde e transparência

Por outro lado, defensores da medida afirmam que a nova lei aumenta a transparência sobre o que os consumidores colocam à mesa e pressiona a indústria a reformular receitas para eliminar substâncias desnecessárias. “As pessoas têm o direito de saber o que estão comendo”, declarou o secretário de Saúde estadual, Robert F. Kennedy Jr., um dos apoiadores do projeto.

A legislação prevê multas de até US$ 50 mil por dia, por produto, para empresas que não cumprirem as exigências.

Reflexos globais

O caso do Texas pode gerar um efeito dominó nos Estados Unidos e no exterior. Como o estado é um dos maiores mercados consumidores do país, fabricantes podem optar por padronizar rótulos e fórmulas em todo o território americano, e, eventualmente, em outros países.

No Brasil, onde a Anvisa também discute limites para aditivos e rotulagem de ultraprocessados, especialistas acreditam que leis como a texana podem impulsionar o debate sobre segurança alimentar e consumo consciente.

Entre o sabor e a saúde

A polêmica coloca em lados opostos a liberdade da indústria e o direito à informação do consumidor. Enquanto marcas mundialmente conhecidas tentam proteger sua imagem, cresce o número de pessoas preocupadas com o impacto dos ultraprocessados na saúde.

Para muitos, o recado do Texas é claro: o sabor pode continuar irresistível, mas o alerta agora vem estampado no pacote.

Agência GBC

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