Oito meses depois de ser atingido com um tiro de fuzil na cabeça durante uma operação policial no Rio, o piloto de helicóptero da Polícia Civil Felipe Marques Monteiro, de 44 anos, vem recuperando lentamente os movimentos e é considerado um milagre pelos médicos.
O disparo, que entrou pela testa, fez o comandante perder 40% do crânio e o obrigou a usar uma prótese craniana. Ele também ficou com o lado esquerdo do corpo comprometido e perdeu parte da coordenação muscular da fala.
Fotos e vídeos compartilhados diariamente pela esposa, Keidna Marques, mostram a evolução de Felipe, que segue internado no Hospital São Lucas, em Copacabana. Na segunda-feira (3), ela publicou uma sequência de vídeos agradecendo o apoio das pessoas que acompanham a recuperação dele pelas redes sociais. O perfil do piloto já reúne mais de 361 mil seguidores.
"A história dele precisa ser reinventada, ser contada, e provavelmente ele não volte a pilotar. Como fica a história dele? A minha vida e a de toda a nossa família foram modificadas desde o dia 20 de março", refletiu Keidna.
No sábado (1º), ela compartilhou outro momento emocionante na trajetória do marido. Felipe conseguiu realizar novos movimentos com as mãos. No vídeo, é possível vê-lo levantar os braços e retirar um travesseiro apoiado na cabeça.
"Surpreendentemente, o Felipe vem entregando novos movimentos. Diz que isso não é um milagre. Observação: o óculos não é dele, é de um amigo. Ele puxou, colocou em si mesmo e não deixou tirar por um bom tempo. Cada dia, ele nos surpreende com uma ação diferente. Obrigada, Deus, por tudo", escreveu Keidna.
Felipe atuava como comandante da aeronave do Serviço Aeropolicial da Coordenadoria de Recursos Especiais (SAR-CORE) da Polícia Civil quando foi baleado durante uma operação nas comunidades Vila Aliança e Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, em 20 de março deste ano.
Mesmo ferido, ele conseguiu manter o controle do helicóptero e realizar um pouso de emergência com o colega que também estava a bordo. Socorrido em estado gravíssimo, Felipe foi levado inicialmente ao Hospital Municipal Miguel Couto, na Zona Sul, e depois transferido para o Hospital São Lucas.
"Nossa guerra ainda é longa", desabafa mulher
Keidna diz que a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, realizada há quase uma semana, reacendeu lembranças dolorosas do dia em que o marido foi baleado. Em uma carta aberta, ela lamentou a morte dos quatro policiais durante os confrontos.
"Meu amor, esses últimos dias têm me trazido sentimentos profundos… dor, empatia e uma imensa reflexão sobre o valor da vida. Ver famílias sendo dilaceradas, pais, mulheres e filhos chorando por policiais que partiram, parte o coração. Você, que também foi atingido na cabeça, mas segue aqui, travando uma batalha diária pela vida, me mostra o verdadeiro sentido da palavra 'guerreiro'. Nossa guerra ainda é longa, já são 224 dias no CTI. Nosso caminho é cheio de desafios, mas eu te prometo: jamais estará sozinho."
O Dia
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