O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou a suspensão imediata da investigação que apurava a retirada de corpos por moradores após a megaoperação policial realizada no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro. A decisão foi tomada nesta segunda-feira (10) e atinge o inquérito conduzido pela 22ª Delegacia de Polícia (Penha), responsável por investigar as circunstâncias em que os corpos foram removidos do local após o confronto.
A operação, ocorrida no fim de outubro, deixou 121 mortos e se tornou uma das ações mais letais da história recente do país. Segundo relatos, moradores da comunidade teriam retirado os corpos de uma área de mata e os levado até uma praça próxima, além de supostamente trocarem as roupas das vítimas antes da chegada das autoridades. O caso gerou grande repercussão e levantou questionamentos sobre a atuação das forças de segurança e o respeito aos protocolos legais.
Na decisão, Moraes ordenou a preservação de todas as imagens captadas pelas câmeras corporais dos agentes civis e militares que participaram da operação. O ministro também deu um prazo de 48 horas para que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, envie ao Supremo uma série de documentos, incluindo a relação completa dos policiais envolvidos, laudos necroscópicos das vítimas, relatórios de inteligência e todos os registros que embasaram a ação. Além disso, Moraes solicitou informações ao Ministério Público, ao Tribunal de Justiça e à Defensoria Pública do Estado sobre as medidas de assistência às famílias, o acesso às provas e o andamento das audiências de custódia.
A suspensão do inquérito reacende o debate sobre a condução de operações policiais de grande porte e o controle das forças de segurança pública. A decisão do ministro indica uma preocupação do STF com a transparência e a preservação das provas, de modo a assegurar o devido processo legal e evitar possíveis irregularidades que possam comprometer as investigações.
Para as famílias das vítimas, a medida representa uma nova etapa na busca por esclarecimentos sobre o que ocorreu durante e após a operação. Já para o governo do Rio, o despacho de Moraes impõe uma série de obrigações imediatas e reforça a necessidade de prestação de contas ao Supremo.
Com a investigação suspensa, caberá agora às autoridades estaduais reunir e encaminhar todas as informações solicitadas, enquanto o STF acompanha o caso de perto. A decisão de Moraes marca mais um capítulo da crise de segurança pública no Rio de Janeiro, expondo novamente o delicado equilíbrio entre o combate ao crime e a proteção dos direitos humanos nas periferias do estado.
Por redação C/ R7
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