Planta nativa da Mata Atlântica, cujo
fruto tem grande potencial econômico por ser muito utilizada na gastronomia,
a aroeira é uma pequena árvore comumente encontrada no litoral brasileiro.
Dela, extrai-se a pimenta-rosa, um condimento com alto potencial comercial,
conhecido por ser leve e não esconder o sabor dos alimentos. O estado do Rio de
Janeiro é o primeiro no país a ter um Plano de Manejo Florestal Sustentável
(PMFS) para os agricultores e extrativistas que se beneficiam com essa
cultura. A exploração da aroeira já está regulamentada e legalizada, com
manejo adequado e coleta de seus frutos em áreas de preservação graças a um
trabalho da extensão rural fluminense, em parceria com diferentes órgãos e
entidades.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural do Rio de Janeiro (Emater-Rio), vinculada à Secretaria de Agricultura,
Pecuária, Pesca e Abastecimento (Seappa), desenvolve a atividade no município
de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, onde estimula a regularização da
atividade extrativista e a melhoria da qualidade do produto, aumentando muito
os rendimentos que normalmente são obtidos. A ação, pioneira no Brasil, é feita
em parceria com diversas instituições públicas e privadas.
O PMFS foi construído pelo INEA, órgão público responsável por essa atividade,
e contou com a participação de diversas instituições públicas, como a
Secretaria Municipal de Agricultura de São Pedro da Aldeia (SAGAT), o
Ministério da Agricultura (MAPA), o Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (INCRA), a Associação dos Lavradores do Assentamento
Ademar Moreira (ALAAM) e a Emater-Rio. A engenheira agrônoma Marília
Grasiela Oliveira da Silva é a responsável técnica por esse Plano. No dia 27 de
março de 2018 foi emitida pelo INEA a Autorização Ambiental (AA Nº IN044540).
Com o PMFS devidamente autorizado, o
Programa Rio-Rural (executado pela Emater-Rio), pode investir mais de 200 mil
reais para desenvolvimento da cadeia produtiva da pimenta rosa. E, assim, os
agricultores familiares do Assentamento Ademar Moreira e associados da ALAAM
começaram a se mobilizar para executar os subprojetos de incentivos.
- A aroeira é uma espécie nativa, cresce de forma abundante em seu habitat
natural. A quase totalidade da produção é proveniente da coleta dos frutos ou
pelo extrativismo. Os coletores fazem as podas, retiram os frutos. A árvore
está lá naturalmente nos fragmentos florestais, ocupando as áreas em seus
entornos, onde se tem muito sol. Não é encontrada no interior da mata porque
acaba morrendo pela falta de luz - explica Herval Fernandes Lopes, gerente
técnico estadual de Agroecologia e Projetos Sustentáveis.
Em 2015, a Emater-Rio teve conhecimento de um projeto bem sucedido em Alagoas,
que conseguiu aumentar substancialmente a renda dos coletores de pimenta-rosa
daquele estado. A partir de 2016, a Empresa passou a trabalhar com mais
intensidade, quando o Programa Rio Rural começou a incentivar financeiramente
os agricultores familiares que trabalhavam, também, no manejo da aroeira. Foram
realizados a reforma da sede da associação e a construção da beneficiadora no
assentamento, assim como adquiridos o material de coleta e os equipamentos de
beneficiamento da pimenta rosa. Além disso, foi oferecido um plano de negócios
para que os associados pudessem se organizar no trabalho de comercialização da
pimenta rosa beneficiada.
O assentamento conta hoje com o centro comunitário, escritório e cozinha
reformados, estufa de secagem e secadores do fruto, além do classificador, que
também realiza a limpeza da pimenta-rosa selecionada. O beneficiamento traz
ganhos para os frutos que ao ter tamanho e cor uniforme e estarem adequadamente
secos têm alto valor de mercado. A meta do projeto é que a organização dos
agricultores seja progressiva a ponto de atrair empresários e investidores
desse excelente mercado.
- Hoje já começaram a vender o quilo
por R$ 20. Antes, eles só conseguiram no máximo R$ 5 por quilo. Essa é a
primeira mudança, os agricultores já começam a comercializar um produto já
melhor acabado. Eles podem chegar a R$ 30, R$ 50, até a R$ 150 por quilo. Vão
começar a administrar uma beneficiadora. Isso vai aumentar empregos na medida
em que aumente sua capacidade de produção – diz Lopes.
Atualmente, o Instituto Estadual do Ambiente já começou a mapear as regiões
onde existe grande quantidade de aroeiras no estado. A Emater-Rio, de posse das
informações do INEA e em parceria com MAPA, pretende expandir a iniciativa para
outros territórios onde também existe extrativismo da pimenta rosa, como, por
exemplo, São Francisco do Itabapoana e Campos dos Goytacazes.
Vicente Magno
COMPARTILHE
Curta Nossa Página no Facebook