segunda-feira, 29 de março de 2021

Doria desconhecia que a tecnologia usada para a Butanvac é dos EUA



Foto: Leonardo Benassatto/Reuters




O governador João Doria (PSDB) afirmou nesta segunda-feira (29) que não tinha conhecimento sobre o uso de tecnologia dos Estados Unidos para o desenvolvimento da Butanvac, imunizante produzido pelo Instituto Butantan e divulgado na sexta-feira (29). "Não tinha a informação", afirmou Doria durante coletiva de imprensa realizada na sede do Instituto Butantan.

"Mas entendo que a Butanvac é uma vacina nacional, brasileira. O importante é termos uma vacina nacional. Se ela tem parte dela tecnologia internacional isso é uma boa contribuição, isso é positivo. Mas é uma vacina nacional, uma segunda vacina que será disponibilizada para os brasileiros", afirmou.

Na noite desta sexta-feira (26), o Instituto Butantan admitiu ter firmado acordo de licenciamento com o Hospital Mount Sinai, de Nova York, para uso de tecnologia desenvolvida pela instituição para fabricar a ButanVac, anunciada pelo instituto como a primeira vacina 100% brasileira contra a covid-19.

O reconhecimento da parceira, por meio de nota oficial, ocorreu após o Mount Sinai ter afirmado que um pesquisador da instituição foi o responsável por desenvolver a tecnologia que será utilizada pelo Butantan para fabricar a vacina.

"A tecnologia foi originalmente desenvolvida pelo doutor Peter Palese, chefe de Microbiologia do Mount Sinai", disse o hospital em e-mail enviado à Reuters. A notícia foi antecipada pelo jornal Folha de S.Paulo. De acordo com o Mount Sinai, a tecnologia foi desenvolvida originalmente pela Icahn School of Medicine do hospital.

"O modelo inovador da vacina candidata ButanVac funciona usando outro vírus, o vírus inativado da doença de Newcastle (NDV), para induzir o corpo a construir defesas protetoras contra Covid-19. A tecnologia de vacina NDV foi originalmente desenvolvida na Icahn School of Medicine no Mount Sinai em Nova York, Estados Unidos", disse o hospital.

O Butantan havia anunciado mais cedo nesta sexta-feira, em entrevista coletiva, que apresentaria um pedido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para testar em humanos a ButanVac, anunciada como primeira vacina 100% brasileira contra a Covid-19. Porém, a noite, o instituto disse em nota que firmou parceria com o Mount Sinai e tem a licença de uso e exploração de parte da tecnologia.

"O uso dessa tecnologia é livre do pagamento de royalties (royalty free) e pode ser feito por qualquer instituição de pesquisa em qualquer parte do mundo. Isso foi adotado para essa tecnologia com o objetivo de acelerar o desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus", afirmou.

Governo federal

Após o anúncio feito pelo governador de São Paulo, João Doria, na sexta-feira (26), o ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, afirmou em coletiva de imprensa que três vacinas criadas no Brasil entrarão na fase de testes clínicos nos próximos dias. Ao lado do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, Pontes defendeu que a criação de vacinas nacionais é uma questão de soberania e preparo para outras pandemias futuras.

"A gente vai ter outras pandemias, infelizmente, então vamos ter a tecnologia para criar vacinas. E é uma questão de soberania, nós vimos a dificuldade que é importar vacinas durante essa pandemia", afirmou o ministro. Na coletiva de imprensa desta segunda, Doria afirmou apenas que daria uma "recomendação" ao ministro Marcos Pontes: "acelera, ministro". Em relação ao imunizante financiado pelo governo federal, chamado de versamune, Doria disse se tratar de uma vacina desenvolvida pela Universidade de São Paulo, a partir do orçamento do governo do estado. "Quero exaltar que quanto mais vacina tivermos, melhor para o Brasil. No caso auferido, a vacina é da USP, da universidade de Ribeirão Preto, o orçamento é de São Paulo, são duas vacinas de São Paulo para o Brasil", disse.

R7

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