Estudo tem demonstrado como o
contato com a natureza, mesmo que indiretamente, por imagens, pode ajudar a
melhorar o ânimo de pacientes em tratamento contra o câncer. Coordenado pela
pesquisadora Eliseth Leão no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert
Einstein, o estudo demonstra como relação com a natureza pode ser um elemento
de promoção da saúde.
Na
primeira fase, houve mais de 28 mil avaliações de imagens da natureza
produzidas pela própria equipe do estudo, com foco no bem-estar, que formou um
banco de 450 fotos que podem ser usadas dentro dos hospitais em futuros
procedimentos como este da pesquisa.
A
partir dessas imagens, um vídeo foi criado e apresentado a 78 pacientes durante
sessões de quimioterapia. Os dados ainda estão sendo analisados, mas já mostram
que o estado de ânimo deles no momento que começam a receber o medicamento
melhora após a visualização do vídeo.
“Já
foi possível notar que os aspectos negativos de preocupação e ansiedade são
inibidos e os positivos, de tranquilidade, são aumentados. Espero que esta
tendência seja mantida com o final do tratamento dos dados”, ressaltou Eliseth.
Segundo a pesquisadora, há teorias que servem de base para estudos da
influência da natureza no bem-estar das pessoas, como a teoria da recuperação
psicofisiológica do stress, mostrando que há uma
reação restauradora imediata quando se está no meio da natureza.
“Depois
tem uma outra [teoria] de recuperação da atenção: quando você está na natureza,
você tem uma atenção que não é forçada, não é dirigida, então você consegue se
recuperar da fadiga mental que nos acomete”, contou. “Outras pesquisas já
antecederam o que a gente está fazendo agora. As pessoas já sabem que a
natureza faz bem, como quando dizem querer ir à praia em situações de estresse,
mas alguns tendem a achar que é algo muito pessoal e sem evidência científica”.
Por
exemplo, um dos estudos que foram feitos na década de 80, segundo Eliseth,
colocava pacientes internados em quartos que tinham vista para a natureza e
outros em quartos que não tinham. “Aqueles que tinham vista [para a natureza]
saíam do hospital antes, se recuperavam mais rapidamente. Então começaram a
estudar como psicofisiologicamente a gente responde. Tem uma série de teorias
que mostram que [a natureza] é um ambiente restaurador”.
O
tema será discutido hoje (14), a partir das 10h, no painel “Saúde e Mata
Atlântica”, na capital paulista, durante a programação do evento Viva a Mata
2019, na Unibes Cultural, realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica, com
participação da pesquisadora.
“Muita
gente sabe dos impactos causados pela degradação ambiental e como isso afeta a
vida das pessoas, e alguns desastres recentes comprovam isso. Mas o que pouca
gente sabe é como passar um tempo ao ar livre, principalmente em áreas verdes,
traz não apenas benefícios ao bem-estar, como tranquilidade, mas também à
saúde. É isso que queremos mostrar e resgatar a relação positiva entre as
pessoas e o meio ambiente”, disse Erika Guimarães, bióloga e especialista em
Áreas Protegidas da SOS Mata Atlântica.
O
médico patologista Paulo Saldiva, que também participa do painel hoje de forma
remota, concorda com as afirmações da pesquisadora. Para ele, as pessoas não
passam indiferentes por uma floresta e, quanto maior a exposição à natureza,
menor o risco de infecções, maior a taxa de recuperação e menor o tempo para a
alta de um paciente.
“Ao
termos contato com a natureza percebemos que há uma afinidade com ela, algo que
enxergamos, pois foi imprintado em nosso genoma por milhares de anos de
evolução”. Ele apresenta um dado da Universidade de Barcelona comprovando como
a natureza além de confortar psicologicamente, também aumenta o cérebro de
crianças e a produção de substâncias que reduzem inflamações e melhoram a
imunidade.
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