quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Obras de R$ 100 milhões em Realengo prometem solucionar alagamentos a partir de 2025


Primeira fase das intervenções inclui um novo sistema de drenagem pelas ruas do bairro, 
como a Rua Bernardo de Vasconcelos e a Avenida Santa Cruz 
 Foto: Divulgação


Com a aproximação do verão, que começou em 21 de dezembro, a prefeitura do Rio anunciou, um mês antes do início da estação, obras contra alagamentos em Realengo, na Zona Oeste da cidade. Com intervenções divididas em duas fases, ambas com recursos federais, essas ações incluem novos sistemas de drenagem em algumas ruas, intervenções nas calhas de rios, além da construção de um piscinão, de tamanho equivalente ao inaugurado na Praça da Bandeira, na Zona Norte, em 2013.

Na primeira etapa, já licitada e em fase de contratação, com custo estimado de R$ 45,4 milhões, estão previstas obras em duas vias importantes do bairro. Segundo Wanderson Santos, presidente da Fundação Rio Águas, o sistema de drenagem da região precisa passar por intervenções, o que deve durar 18 meses. O início está previsto para o primeiro trimestre de 2025, aguarda-se apenas o aval da Caixa Econômica.

— Ali tem um comprometimento do sistema de microdrenagem e da galeria das vias. Como é a parte mais baixa, próxima da linha férrea, o extravasamento dos rios sobrecarrega essa malha, feita só para pegar o excedente (de água) das ruas do entorno — explica Wanderson.

Por isso, além da Rua Bernardo de Vasconcelos e da Avenida Santa Cruz, também haverá obras no sistema de drenagem das ruas Barão do Triunfo, Petrópolis, Baião e na Travessa do Imperador. Pelas redes sociais, anualmente, é possível encontrar registros de moradores que mostram alagamentos intensos na região. Durante um temporal em fevereiro de 2020, carros estacionados na Bernardo de Vasconcelos ficaram com água acima dos pneus, enquanto, no ano seguinte, em maio, os veículos que se arriscavam ao passar pelo endereço inundado precisaram retornar na contramão, por conta da impossibilidade de seguir em frente.

Já dentro de casa, os estragos são constantes. Janilce dos Santos, de 73 anos, mora na esquina entre as ruas General Sezefredo e Bernardo de Vasconcelos, e relata uma série de prejuízos nos últimos anos após tempestades no bairro.

— Problema é o que não falta. Com alagamento, perdi guarda-roupa e móvel num temporal desses. Subi o piso da casa. Depois, deu uma enchente brava, e infiltrou a parede. Tive que colocar um pedaço inteiro (da casa) com revestimento. Morar aqui não é fácil — conta Janilce, que há 14 anos vive no endereço. — Será que tem jeito isso aqui? — pergunta.

A moradora, que garante seu sustento com o conserto de roupas, conta que, certa vez, até garotos surfando na enchente apareceram nas ruas do bairro. A promessa do município para acabar com esse cenário é ainda que a calha do Rio Catarino, apontado como de onde se origina a água que extravasa pelas ruas do bairro em dias de temporais, também será reforçada. Além do bairro de Realengo em si, essa intervenção beneficiará ainda moradores da Vila Vintém, reforça o presidente da Rio Águas.

No último mês de novembro, a prefeitura do Rio convocou uma coletiva de imprensa para anunciar obras contra inundações não só em Realengo, mas também nas regiões de Acari — em que o governo federal investirá R$ 350 milhões na calha do rio que leva o mesmo nome do bairro, em fase de trâmites administrativos junto à Caixa — e da Grande Tijuca, onde será feito um túnel para receber os excedentes do Rio Maracanã, além do desvio do Rio Trapicheiros, projeto também em tratativas com a Caixa, que custará R$ 121 milhões, ambas na Zona Norte.

Estão previstas ainda intervenções no Jardim Maravilha, em Guaratiba, com a construção de diques holandeses para conter cheias dos rios Cabuçu e Piraquê, ao custo de R$ 340 milhões (também em fase de regulamentação administrativa), através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na ocasião do anúncio das obras, Raquel Franco, meteorologista-chefe do sistema Alerta Rio, alertou que a previsão é de que o próximo verão tenha chuvas acima da média no município.

Piscinão em Realengo

Já a segunda fase das obras em Realengo prevê ainda intervenções na calha do Rio Piraquara, que, assim como o Catarino, nasce no Maciço da Pedra Branca, e vai percorrendo o bairro. Ao custo de R$ 60,9 milhões, esta etapa está em fase de negociação administrativa com a Caixa Econômica, e deve durar 15 meses após ser iniciada. Nos planos da prefeitura, essa obra deve ser licitada e iniciada ainda no primeiro semestre de 2025.

A intervenção mais significativa dessa obra é a construção de um piscinão que comporte 18 milhões de litros de água, do mesmo tamanho que o da Praça da Bandeira, construído para receber o excedente de águas da chuva nas ruas do entorno. A diferença no caso do reservatório na Zona Oeste é que ele será feito para receber os excedentes do Rio Piraquara, na mesma lógica que outros dois piscinões já conhecO local escolhido para o reservatório de Realengo fica embaixo de uma praça localizada na Rua Beira Rio. Após a construção do reservatório, o espaço será revitalizado e devolvido à população. Ao todo, a estimativa é que as obras beneficiarão cerca de 200 mil pessoas.

— As obras impactarão a área residencial e a de comércio, que vão ser beneficiadas, além das unidades militares, que sofrem com os alagamentos, próximo às Praças de Marte e do Canhão. Realengo sofre historicamente com esses alagamentos, tem uma universidade ali perto, a Castelo Branco, unidades de saúde, unidades militares, acesso à (estação de trem da) Supervia e o próprio corredor viário — conclui Wanderson Santos.idos da cidade, os das praças Niterói e Varnhagen, na Tijuca, que recebem parte dos rios Maracanã e Joana.

Extra

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