Nos últimos anos, a
proporção de domicílios brasileiros com sinal de televisão e com assinatura de
serviços por TV fechada tem caído, enquanto os serviços de streaming têm
auumentado: estão em quatro de cada dez lares com televisão.
A constatação faz parte
de um suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)
Contínua, divulgada na sexta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).
O levantamento mostra
que, em 2023, dos 78,3 milhões de domicílios no país 4,5 milhões não tinham
televisão, o que representam 5,7% do total. Os dados mostram um aumento
gradativo da ausência da televisão nos lares brasileiros. Em 2016, o percentual
era de 2,8% e em 2022, 5,1% (3,8 milhões de famílias).
“Pode ser uma mudança de
hábitos da sociedade. Lenta, de forma muito gradual, mas consistente”, sugere o
analista da pesquisa, Gustavo Geaquinto Fontes.
Outro item que está
ficando menos comum nas residências é a TV por assinatura. Em 2016, um em cada
três (33,9%) lares tinham o serviço. Em 2022, eram 27,7% e, no ano passado, o
percentual caiu para 25,2% (18,6 milhões de endereços).
O IBGE perguntou aos
entrevistados o porquê de não aderirem ao serviço. Cada pessoa podia apontar
uma razão principal. De 2016 a 2019, o principal motivo era o fato de o serviço
ser considerado caro. Em 2016, 56,1% atribuíram o fato ao custo do serviço e,
em 2019, foram 51,8%.
O segundo motivo mais
apontado foi falta de interesse: 39,1% das respostas em 2016 e 40,9% em 2019.
Nos anos seguintes, esses
motivos se inverteram nas respostas dos entrevistados. Em 2023, a maioria (64%)
passou a apontar a falta de interesse como principal motivo para não assinar TV
fechada. O custo do serviço foi citado por 34,9% dos respondentes.
Em 2016, apenas 1,6% das
famílias entrevistadas justificou como principal motivo o fato de vídeos
acessados pela internet substituírem o serviço. O percentual cresceu
consistentemente até alcançar 9,5% em 2023, se tornando a terceira razão mais
citada.
Desde 2022, a pesquisa do
IBGE acompanha a presença nos domicílios brasileiros do streaming de
vídeo pago. O número de lares com o serviço aumentou de 31,061 milhões, em
2022, para 31,107 milhões, em 2024.
Apesar do aumento
numérico, em termos percentuais houve redução de 43,4% para 42,1% dos lares com
TV. De acordo com o IBGE, a presença do streaming é um dos fatores
que explicam a televisão aberta e fechada perder espaço nas casas brasileiras.
Por meio
de streaming, o assinante tem acesso a uma oferta de filmes, séries,
desenhos infantis e eventos esportivos, por exemplo. Com exceção de
programações ao vivo, as atrações são sob demanda, ou seja, ficam disponíveis
para serem vistas a qualquer momento.
Em 2022, 4,7% das
residências que tinham streaming não tinham acesso a televisão aberta
ou a serviço de TV por assinatura. No ano seguinte, esse indicador subiu para
6,1%.
Para o analista da pesquisa,
Leonardo Quesada, a disseminação do streaming ajuda a explicar a
menor presença da televisão nos lares dos brasileiros.
“O streaming não
responde tudo. Ele pode responder uma parte, mas existe uma possibilidade de as
pessoas estarem usando menos TV”, pondera.
A pesquisa revela que o
rendimento médio mensal real per capita das famílias
com streaming era de R$ 2.731, mais que o dobro daquelas que não
tinham acesso ao serviço (R$ 1.245). Os dados também revelam uma desigualdade
regional. Enquanto no Sul (49%), Centro-Oeste (48,2%) e Sudeste (47,6%)
praticamente metade dos domicílios têm canais de streaming pagos, no
Norte e no Nordeste as proporções são 37,5% e 28,2%, respectivamente.
Fim da parabólica
analógica
A Pnad revela que 88% das
famílias brasileiras tinham em casa sinal digital ou analógico de TV aberta.
Dos domicílios com televisão, 21,4% (15,8 milhões) recebem sinal por antena
parabólica, sendo 17,5% nas regiões urbanas e 52,3% nas rurais.
O IBGE lembra que há no
país a política pública de substituição das antenas parabólicas
analógicas, também conhecidas como parabólicas grandes, pela mini parabólica
(digital).
As parabólicas grandes
podem sofrer interferência do sinal de internet de quinta geração (5G). Por
isso, o Brasil pretende encerrar completamente a transmissão de sinal de TV
aberta por parabólicas grandes.
Segundo a pesquisa, em
2023 o país tinha cerca de 772 mil famílias (1% dos domicílios com televisão)
com sinal de televisão somente por meio de parabólica grande. Em 2022, eram 911
mil (1,3%).
Agência Brasil
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