A cozinheira Maria da Conceição Diniz, de 42 anos, comemora a forma como vem se recuperando da operação que fez para tratar uma endometriose profunda que a incomodava há pelo menos seis anos. Ela é a milésima paciente que passou pela cirurgia robótica realizada desde 2019 no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), unidade do Governo do Estado. A tecnologia com uso de robôs no Hupe é pioneira na rede pública no estado e além de aumentar a precisão dos médicos nos procedimentos menos invasivos, garante recuperação mais rápida aos pacientes.
‘É um orgulho muito grande para a rede estadual de Saúde contar com esse equipamento de ponta. Chegamos à milésima cirurgia realizada com auxílio de robô, o mais moderno disponível em um hospital público. Com ele, reduzimos o impacto da cirurgia para o paciente e podemos ampliar a quantidade de operações, diminuindo também o tempo de internação. Esse resultado é fruto do investimento que o Governo do Estado tem feito na saúde. Somente em 2024, repassamos R$167 milhões para o HUPE’, afirmou o governador Cláudio Castro.
Maria da Conceição – que já tinha sido submetida a outras duas cirurgias – fez o procedimento para tratar a endometriose em 7 de abril passado, e no dia 12, já estava em casa. Segundo ela, a recuperação, desta vez, tem sido mais tranquila.
“É uma recuperação totalmente diferente. Logo após a cirurgia, consegui andar, tomar banho, lavar o cabelo. As outras operações que fiz foram mais simples, no entanto, senti mais dificuldades no pós-operatório. Viva a robótica”, comemora a cozinheira, que iniciou seu tratamento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itaboraí, na região Metropolitana do estado, e encaminhada à cirurgia no Hupe por meio do Sistema Estadual de Regulação (SER).
O ginecologista Marco Aurélio Pinho, coordenador do Programa de Endometriose do hospital, explica os benefícios do procedimento de alta complexidade, com tecnologia robótica:
“Com o uso do robô, temos condições de fazer um procedimento minimamente invasivo nos pacientes. Aumenta e muito a nossa precisão durante a cirurgia, por mais complexa que seja, e a visibilidade também, devido à visualização em 3D. Também é uma cirurgia menos cansativa para nós profissionais e garante recuperação mais rápida dos pacientes”, relata Pinho, que também é professor-titular de Ginecologia e coordenador da Cirurgia Robótica de Ginecologia do HUPE.
Além da área ginecológica, o equipamento de última geração, modelo Da Vinci com plataforma XI também é utilizado em outras especialidades como urologia, cirurgia geral e cirurgia torácica. Segundo o especialista, as intervenções urológicas, principalmente as de próstata, são as que mais utilizam a tecnologia. A unidade tem condições de fazer um procedimento por dia com o robô, dividindo os agendamentos entres as especialidades.
Tecnologia amplia também a capacitação de profissionais
Marco Aurélio Pinho destaca a capacitação profissional como outro fator positivo da tecnologia robótica. Segundo ele, é preciso capacitar e treinar profissionais para o uso do equipamento e isso resulta em transmissão de conhecimento científico a cada vez mais equipes. Ele explica ainda, que o robô atua em todas as etapas da cirurgia, mas é controlado pelo médico durante o procedimento. São usados monitores acoplados ao sistema que possibilita a visão dos movimentos por toda a equipe médica, permitindo a participação do cirurgião-auxiliar.
A tecnologia possibilita ainda que o paciente sinta menos dores, reduz ao mínimo o risco de sangramento durante a operação, propiciando diagnósticos mais rápidos e descobertas de doenças ainda na fase inicial. No caso da endometriose, em geral, são feitos três furos na região onde passará pelo procedimento com uso do robô.
Pinho lembra que a paciente Maria da Conceição já havia feito outras duas cirurgias, de complexidade menor. Uma de ‘barriga aberta’ há 6 anos, quando descobriu que tinha endometriose profunda e aderência do canal urinário, e desde então sofria com dores. A outra foi uma laparoscopia para retirada da vesícula.
“O caso da paciente Maria da Conceição era de grande complexidade. Mas com o uso do robô, reduzimos os riscos do procedimento”, afirmou o médico.
O anestesista Alberto Freaza, formado pelo HUPE, participa das cirurgias robóticas e ressalta a importância da oferta de procedimentos em um hospital da rede pública.
“Tenho muito orgulho de fazer parte dessa história no Hospital Pedro Ernesto, onde me formei. Espero que possamos dobrar esse resultado e continuar oferecendo cada vez mais a cirurgia pelo SUS, que é o maior sistema de saúde do mundo. Ver esse serviço de ponta ser oferecido à população com menos recursos é muito motivador”, afirma Freaza.
Investimentos de R$16 milhões
O diretor-geral do Hupe, o médico urologista Ronaldo Damião, ressalta que a implantação da tecnologia aumentou o movimento cirúrgico do HUPE e propiciou a inclusão de cirurgias de alta complexidade para atendimento de usuários do SUS na unidade. O Programa de Cirurgia Robótica do HUPE-UERJ possibilitou ainda um maior fluxo de leitos no hospital devido à rapidez com que os procedimentos acontecem. O Governo do Estado investiu R$16 milhões no programa.
“Com isso, atendemos melhor à população fluminense, com mais qualidade e excelência. Com a tecnologia, o robô também traz para o HUPE a formação de recursos humanos”, afirmou Ronaldo Damião, que foi o responsável por implementar o Programa de Cirurgia Robótica no Hupe.
O robô do programa foi usado pela primeira vez no Brasil, em um hospital público para fazer o transplante entre vivos em fevereiro de 2019, uma semana após o HUPE inaugurar o Programa de Cirurgia Robótica.
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