domingo, 21 de julho de 2024

Sétimo caso de cura do HIV acende esperança para novos tratamentos



Imagem: Jcomp/Freepik



Nos mais de 40 anos desde a descoberta do vírus da imunodeficiência humana (HIV), a ciência conseguiu curar um seleto grupo de pacientes da infecção. Neste semana, foi anunciada a sétima cura de uma pessoa que conviveu com o vírus da AIDS, em um centro médico na Alemanha.

O caso raro recebeu o nome de “segundo paciente de Berlim”. Isso porque o mesmo hospital alemão, o Hospital Charité, foi responsável pela primeira cura da doença na história, em 2008. O primeiro "paciente de Berlim" Timothy Ray Brown ficou mundialmente conhecido, após o feito quase nunca replicado.

O novo paciente de Berlim tem 60 anos e descobriu a infecção pelo HIV em 2009, mas a mantinha sob controle com o uso de antirretrovirais. Em 2015, o homem que não teve o nome divulgado recebeu o diagnóstico de leucemia (câncer no sangue). Assim, começou a sua jornada que culminou com a cura da doença e que dá esperança para novos tratamentos.

Cura do HIV é possível?

Em comum, os casos conhecidos de cura do HIV, até o momento, envolvem um diagnóstico de câncer, como leucemia ou linfoma, e um transplante de medula óssea, também conhecido como transplante de células-tronco hematopoiéticas.

Durante o tratamento oncológico, as células-tronco de uma pessoa saudável são transferidas para o paciente, substituindo o sistema imunológico adoecido. O novo sistema imune permite o combate do câncer e também do HIV, como um efeito colateral.

Entretanto, não é qualquer transplante de células-tronco que pode proporcionar essa cura. É preciso que as células imunes do doador contenham a mutação delta 32 no receptor CCR5. Essa mutação impede, naturalmente, infecções pelo HIV, mas é muito rara. Cerca de 1% da população do continente europeu compartilha dessa característica, capaz de conferir imunidade.

Após receber o transplante de um doador com essa mutação, o primeiro paciente de Berlim conseguiu se curar tanto do câncer quanto do HIV, mas o feito não pode ser replicado com o segundo paciente.
Segundo paciente de Berlim

"Não conseguimos encontrar um doador de células-tronco correspondente que fosse imune ao HIV, mas conseguimos encontrar uma cujas células têm duas versões do receptor CCR5: a normal e, em seguida, uma extra, mutada", conta Olaf Penack, médico do Hospital Charité de Berlim, em nota.

Após o transplante de células-tronco, o segundo paciente parou o tratamento do HIV com medicamentos, em 2018. Desde então, a equipe não identificou mais o vírus da AIDS no organismo do indivíduo, o que é considerado como uma cura.

"Estamos muito satisfeitos que o paciente esteja com boa saúde e indo bem", destaca Penack. "O fato de ele estar em observação há mais de cinco anos e estar livre do vírus o tempo todo indica que realmente conseguimos erradicar completamente o HIV do corpo”, acrescenta.
Novos tratamentos para AIDS

Diferente dos outros casos, o que surpreende na experiência do segundo paciente é que ele se curou, mesmo recebendo a doação de uma paciente que não era totalmente imune ao HIV. Então, é preciso investigar ainda o que proporcionou isso.

No momento, existem diferentes hipóteses para explicar a cura, como a velocidade com que o novo sistema imunológico foi substituído (menos de 30 dias). É possível que o doador tenha células capazes de matar o HIV (outra forma de imunidade natural, igualmente rara).

Definitivamente, o transplante de medula óssea não é uma alternativa para a cura em massa do HIV. Entretanto, a compreensão dos fatores que proporcionaram a cura do segundo paciente de Berlim pode ajudar a ciência a descobrir novas terapias.

O relato do caso ainda não foi publicado em uma revista científica, mas será detalhado na 25ª conferência internacional de AIDS, que acontecerá na Alemanha, a partir de quinta-feira (25). E vale mencionar que a sexta cura ocorreu em Genebra, na Suíça.

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