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O nefrologista Jair Miguel se mostrou preocupado com o crescimento no número de casos graves de doença nos rins |
Através de parceria, as secretarias de Saúde de Cantagalo e
Cordeiro se uniram para tratar de um tema comum e que vem preocupando os
profissionais de saúde de ambas as cidades: a insuficiência renal
crônica, doença que tem apresentado crescimento alarmante, inclusive em
outras regiões do estado.
Para marcar o
primeiro passo em busca de uma solução para o problema, Cantagalo sediou
na tarde da última quinta-feira, 10 de setembro, um encontro com
médicos e enfermeiros que atuam nas unidades básicas da Estratégia de
Saúde da Família (ESF) nos dois municípios para discutir as ações que
deverão ser implementadas em conjunto. O encontro aconteceu no auditório
da Secretaria de Educação de Cantagalo.
Também
chamado de capacitação técnica pelos secretários municipais de Saúde
Vânia Huguenin (Cantagalo) e Márcio Barbas (Cordeiro), o encontro contou
com participação, como palestrante, do médico Jair Baptista Miguel,
doutorando em nefrologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e
que é um dos proprietários de uma clínica especializada em tratamento de
pacientes renais em Santo Antônio de Pádua, no Noroeste do estado.
Segundo
o palestrante, quando ele e sua esposa, também nefrologista, abriram a
clínica, a demanda de pacientes com esse tipo de problema girava em
torno de 25 a 30 ao mês. “Essa realidade hoje é bem diferente, pois
estamos beirando a casa dos 200 pacientes ao mês e com prognóstico nada
animador, se analisarmos sob o ponto de vista da percepção, já que não
temos um dado estatístico para nos mostrar a realidade em números
reais”, explicou.
Jair Miguel acredita que, com
um trabalho de base nas unidades básicas de saúde, passando pela
orientação, diagnóstico e tratamento imediato, os casos graves da doença
diminuirão consideravelmente. “Está faltando informação, prevenção,
diagnóstico e tratamento precoces. Esse trabalho sendo realizado,
teremos pessoas mais saudáveis e evitaremos os estágios avançados,
quando os recursos são a diálise peritoneal (uso de equipamento
específico que infunde e drena uma solução especial diretamente no
abdômen do paciente, sem contato direto com o sangue) e a hemodiálise
(uso de um equipamento específico que filtra o sangue diretamente e o
devolve ao corpo do paciente com menos impurezas)”, relatou.
O
palestrante é defensor da diálise peritoneal (embora não seja possível
em todos os pacientes), já que o tratamento é feito com maior liberdade e
pelo próprio paciente, em casa. Esse método também é tido como de menor
risco de infecção para o paciente. Inclusive, Jair Miguel também será a
referência na região para diagnóstico de casos. Ele também defendeu uma
otimização dos exames e se mostrou preocupado com a pouca procura, nos
meios acadêmicos, pela nefrologia, o que tem levado a uma escassez
enorme desses médicos em todo o país.
Janine
Monnerat, coordenadora de Especialidades da Secretaria de Saúde de
Cantagalo, e Ana Paula Bergamini, coordenadora de Atenção Básica,
explicaram que o processo de busca ativa pela doença no município vai
começar de imediato e envolverá os profissionais da ponta, como são
chamados os agentes comunitários de saúde, que serão capacitados
especificamente para a ação.
Elas também
disseram que o agravamento ou avanço da insuficiência renal crônica é
fruto, também, de outros problemas crônicos de saúde, como a hipertensão
e o diabetes, doenças silenciosas e que comprometem o funcionamento dos
rins. Para isso, Cantagalo também intensificará as ações de busca,
conscientização, diagnóstico e tratamento desses dois graves problemas
de saúde. De 21 a 25 deste mês, por exemplo, será realizada em todas as
unidades básicas de saúde do município a Semana Municipal de Prevenção e
Captação do Diabetes e Hipertensão.
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Capacitação reuniu profissionais da Estratégia de Saúde da Família de Cantagalo e Cordeiro |
Ascom
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