quinta-feira, 27 de julho de 2017

RJ realiza transplante de fígado com o doador do órgão mais velho do país

Doador de 89 anos com diagnóstico de morte cerebral é o mais velho já registrado no RJ



O Programa Estadual de Transplantes do Rio de Janeiro recebeu, neste domingo, 23/7, a autorização para doação de órgãos de um paciente de 89 anos, com diagnóstico de morte cerebral: após a avaliação da equipe médica, o fígado foi captado e implantado durante a madrugada. Sob a coordenação do PET, o órgão foi encaminhado para ser transplantado em um paciente do Hospital Adventista Silvestre, no Cosme Velho. O procedimento foi realizado por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o Sistema Nacional de Transplantes, trata-se de um dos doadores mais velhos já registrados no país: o doador mais velho, incluindo órgãos e tecidos, tinha 95 anos. Aos 89, o paciente doador doou o fígado mais velho do Brasil e é doador com a idade mais avançada já registrada no estado do Rio de Janeiro.

Os transplantes de fígado no RJ atingiram marca história para o estado: neste primeiro semestre, o Programa Estadual de Transplantes registrou 114 transplantes de fígado em todo o estado, sendo que ao longo de todo o ano de 2016, foram 199 procedimentos.

- A expansão dos critérios de aceite para a captação de órgãos de pacientes considerados idosos cumpre um importante papel para o aumento do número de procedimentos de transplantes. Nosso país vêm observando o envelhecimento populacional e, atualmente, com os avanços da ciência e da medicina, é possível envelhecer de forma saudável. Certamente, esta é uma doação simbólica que mostra como o fim de uma vida longa e bem vivida pode representar um novo começo para outra pessoa. Agradecemos à família do doador, que foi sensível num momento de dor profunda, ao dizer “sim” à doação de órgãos – destacou o secretário estadual de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Jr.

Chefe do programa de transplante hepático do HAS, o cirurgião especialista em transplantes Eduardo Fernandes afirmou que o caso merece destaque justamente por reforçar a segurança da utilização de órgãos de doadores idosos.

- O procedimento não teve qualquer intercorrência. O paciente receptor passa bem e apresenta boa recuperação. Nossa expectativa é de que esta seja uma nova oportunidade de vida para um paciente mais jovem, graças à atitude solidária da família deste idoso que, ao fim de uma vida longa, ainda salvou a vida de outra pessoa – reforça o especialista.

Um dos maiores avanços da medicina no século 20, o transplantes representa, em muitos casos, a única oportunidade de uma nova chance de vida para pacientes que dependem deste tipo de procedimento para sobreviver. A mudança do perfil do doador – ou seja, o aumento do aceite, pelas unidades transplantadoras, de órgãos de doadores limítrofes (com idades a partir dos 60 ou 65 anos) – vem sendo observada, principalmente, por causa do envelhecimento da população brasileira, assim como as possibilidades de uma vida longa e saudável.

- A necessidade por doadores de órgãos é crescente e em países como a Espanha, referência mundial neste tipo de procedimento, já se vêm observando o envelhecimento progressivo das idades dos doadores. A aceitação de órgãos considerados limítrofes é uma colaboração essencial para o problema da escassez de órgãos para transplantes. Atualmente, podemos afirmar que esta tem sido uma mudança em diversos países do mundo – explica o coordenador do Programa Estadual de Transplantes, o médico urologista Gabriel Teixeira.

De acordo com os registros do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), trata-se dos doadores de órgãos mais velho do país e um dos mais velhos do mundo.

Transplantes de órgãos no RJ – Somente no primeiro semestre de 2017, o Programa Estadual de Transplantes registrou 114 transplantes de fígado em todo o estado, sendo que ao longo de todo o ano de 2016, foram 199 procedimentos. Quanto aos transplantes de rins, entre janeiro e junho de 2017, foram 186 cirurgias, o que equivale a 50% do total de cirurgias realizadas em 2016, quando foram feitos 372 transplantes. Ainda no primeiro semestre de 2017, foram realizados sete transplantes de coração (procedimentos considerados mais raros e complexos), enquanto, em 2016, foram nove cirurgias deste tipo.

Transplantes de córnea segue registrando marcas inéditas – Foram 400 transplantes de córnea realizados entre janeiro e junho de 2017 enquanto, ao longo de todo o ano de 2016, foram 575 procedimentos.

Campanha Doe+Vida – Em abril de 2015, a Secretaria de Estado de Saúde lançou a Campanha Doe+Vida, que conta com um site exclusivo para as pessoas que querem declarar sua vontade de ser doador de órgãos. No Brasil, não existe nenhum documento que possa ser deixado em vida para garantir a doação de órgãos após a morte. Somente familiares diretos podem autorizar a doação, por isso, é fundamental que as pessoas que queiram ser doadoras conversem com suas famílias e deixem claro o desejo de ter os órgãos doados. No site, é possível fazer o cadastro e compartilhar essa vontade com parentes e amigos: mesmo não tendo valor legal, o cadastro serve para externar o desejo de ser doador e salvar vidas: www.doemaisvida.com.br.

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