sábado, 15 de abril de 2017

Delações da Odebrecht: Garotinho e Rosinha são suspeitos de receberem R$ 12 milhões de caixa dois

Segundo Benedicto Júnior, dinheiro foi repassado em três campanhas eleitorais. Defesa do casal diz que, se petição virar inquérito, vão provar que delator mente



Benedicto Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, citou em seu acordo de delação os ex-governadores do Rio Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho, do PR. O ex-executivo afirmou que o casal recebeu dinheiro não contabilizado – o chamado caixa dois – em três campanhas eleitorais. Somados, esses valores pagos chegaram, segundo o delator, a R$ 12 milhões.

Benedicto: "No período que eu fui diretor superintendente da Odebrecht no Rio de Janeiro eu construí uma relação pessoal com o governador Anthony Garotinho que eu mantive nos últimos quatro anos, o que permitia que ele tivesse acesso a mim direto, o que permitia durante os períodos eleitorais fazer pedidos de doação para seu grupo político. Grupo político que ele se identifica através da própria Rosinha e dos candidatos federais que ele apoia.
Então, especificamente no ano de 2008, o governador me procurou, fui a reunião pedida por ele no escritório dele na Conde Lages, aonde ele me fez um pedido e a gente fez uma doação para a campanha da dona Rosinha de R$1 milhão, que foi feito de forma via caixa dois no Sistema de Operações Estruturadas da Odebrecht e pagos diretamente as pessoas indicadas pelo Dr. Garotinho".

Pergunta: Entregues a quem?
Benedicto: "A pessoas indicadas por ele na época".

Pergunta: As pessoas foram indicadas pessoalmente por ele?
Benedicto: "Pessoalmente. Eu posteriormente indiquei um executivo meu, o Leandro Azevedo, nessa operalização dos pagamentos".

Pergunta: O senhor Anthony Garotinho ele fazia campanha só da Rosinha ou de outros candidatos também?
Benedicto: "Eu entendo que ele fazia dele, dela, da filha e que eu me lembro de um deputado chamado Geraldo Pudim que ele coordenava".

Pergunta: Coordenava?
Benedicto: "Ele era presidente do PR, então ele devia ter uma base maior de apoio, mas o que eu me lembro de cabeça são só estes".

Pergunta: Mas ele era responsável pela arrecadação de campanha?
Benedicto: "Ele era o responsável. Com relação a Odebrecht, ele procurava e pedia doação para o partido".

Pergunta: Como é que foi feito o pagamento de um milhão de reais?.
Benedicto: "Foi feito...o Leandro combinou com alguém do pessoal dele, não tenho o nome da pessoa no sistema para que o nosso setor de operações estruturadas fizesse o pagamento aqui no Rio de Janeiro".

Pergunta: Além desse pagamento de um milhão de reias, houve outros pagamentos?
Benedicto: "Houve outros pagamentos. Ainda no âmbito de campanha principal, na campanha de 2012. Ele fez um pedido, nós fizemos uma doação nova de recursos de caixa dois de forma ilícita de 2,3 milhões de reais para campanha de releição da dona Rosinha Garotinho. Em 2010, para sua campanha de deputado federal de R$ 1,2 milhões também de Caixa Dois vindo do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. E na sua última campanha, que foi a campanha dele para governador em 2014, nós fizemos uma doação de 7,5 milhões para a campanha dele via Caixa Dois".

Pergunta: O que vocês esperavam especificamente do senhor Anthony Garotinho?
Benedicto: "No âmbito da prefeitura onde a esposa dele geria era efeitivamente que ele garantisse que a gente ia ser bem tratado, iam ter os nossos assustos tratados, encaminhados de forma correta e esse acesso qualificado com ele. Eu, particularmente, sempre enxerguei o Garotinho como um opositor ao Sérgio Cabral. E apesar de toda a relação que eu tinha com o Ségio, era importante manter o Garotinho como uma pessoa próxima ao Odebrecht porque numa alternância de poder a gente não ficasse muito vinculada ao Sérgio Cabral, mostrar que a gente era suprapartidária, nós não éramos uma empresa que estava focada no PMDB no Rio de Janeiro".

Pergunta: Houve algum benefício concreto do senhor Anthony Garotinho para a Odebrecht?
Benedicto: "Pedidos por nós não. Nós acabamos conquistando no mercado foi uma obra de construção de casas populares em Campos".

Pergunta: Mas houve algum benefício?
Benedicto: "Não. Que eu saiba não. Tratados comigo, não".

Pergunta: Houve algum tipo de fraude?
Benedicto: "Não. Leandro me disse que não houve nenhuma fraude".

Pergunta: Algum benefício concreto da senhora Rosinha para Odebrecht?
Benedicto: "Não".

Pergunta: E da senhora Clarissa?
Benedicto: "Também não. A Clarissa eu só encontrei uma vez. Também não. Nenhum.

Pergunta: Nenhum benefício concreto dela?
Benedicto: " Não, nenhum".

Pergunta: Quais eram os codinomes utilizados?
Beneditcto: "A gente usava três codinomes pra ele. "Rolinho", "Bolinha" e "Pescador".

Pergunta: Porque mais de um codinome?
Benedicto: "Por algum erro de sistema. Rolinho em relação a ela, Bolinha por conta dele, porque é o apelido que ele tem em casa. E Pescador por uma coisa do sistema, alguém atribuiu o pagamento com esse nome. Talvez porque tenham sido vários período eleitorais, várias trocas de pessoas, aí não se usou o mesmo nome. Como vc não informa a pessoa que vc vai pagar quem é que vc está pagando, então botou e depois se identificou. Quem recebeu foi o Anthony Garotinho".

O que dizem Rosinha e Garotinho?

A defesa dos ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho disse que eles nunca receberam qualquer contribuição não contabilizada e que se, a petição chegar a virar inquérito, vão provar que o delator está mentindo. A defesa declarou ainda que o casal está à disposição da Justiça.


 Fonte: G1


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