sábado, 29 de outubro de 2016

Rio registra marca histórica de transplantes de córnea

Tempo de espera pela cirurgia foi reduzido de 10 anos para 1 ano e meio no estado nos últimos anos



Em menos de 10 meses, o Rio de Janeiro já superou, neste ano, o número total de transplantes de córnea realizados em 2015: de janeiro a 07/10, foram feitos 454 procedimentos deste tipo no estado, enquanto no ano passado, entre janeiro e dezembro, foram 443. Com o aumento do número de cirurgias, o tempo de espera pelo procedimento, que já chegou a dez anos, atualmente é de 1 ano e meio. Em 2010, quando o Programa Estadual de Transplantes foi criado, o ano se encerrou com 138 transplantes.

Os resultados colocam o Rio de Janeiro como um dos principais estados que realizam este tipo de cirurgia no país. O aumento da taxa de transplantes foi de 8,7 PMP (por milhão de população), em 2010, para 35 PMP (por milhão de população), considerando os dados do PET até o fim de setembro deste ano.

- O aumento do número de procedimentos é bastante expressivo e indica que o Rio de Janeiro está no caminho correto. Porém, é preciso haver uma mudança cultural quando se pensa na doação de órgãos e tecidos no estado. É importante que as pessoas conversem sobre o assunto e esclareçam suas dúvidas. Diversos problemas podem afetar as córneas e o transplante é seguro, eficiente na maior parte dos casos e traz mais qualidade de vida ao paciente. A doação pode, inclusive, devolver a visão para aqueles que a perderam completamente – destaca Luiz Antônio Teixeira Jr., secretário de Estado de Saúde.

A indicação para a realização de um transplante de córnea é feita quando são detectadas alterações ou perda de uma ou mais de suas características – curvatura, regularidade e transparência. O ceratocone – patologia que prejudica o formato da córnea – é a principal causa de transplantes de córnea no Brasil. A saúde do olho também pode ser afetada por úlceras, degenerações e distrofias, além de problemas que podem ser genéticos, hereditários ou ainda causados por ferimentos e infecções.

- O transplante nos garante a substituição total ou parcial da córnea doente, ou opaca, por uma nova, sadia. Isso permite a correção de defeitos oculares. Trata-se de um procedimento ambulatorial e o paciente não precisa ser hospitalizado. O sucesso da cirurgia varia de acordo com a complexidade de cada caso, mas, em geral, esse índice varia mundialmente entre 80 e 90% de cirurgias bem-sucedidas, o que significa um grande número de pessoas que ganharam mais qualidade de vida. Tivemos um grande avanço no estado nos últimos anos e esperamos resultados ainda melhores para os próximos – explica Rodrigo Sarlo, coordenador do PET.

Tecidos como córnea, ossos, pele e válvulas cardíacas podem ser doados tanto nos casos de morte encefálica quanto na morte resultante de parada cardíaca, diferentemente do que ocorre com órgãos como o coração, fígado e rins, entre outros, que só podem ser doadores os casos de morte cerebral. Assim como na doação de órgãos, a autorização familiar é a única forma de garantir que as córneas sejam doadas. Após a captação, que deve ocorrer em até seis horas após o falecimento, elas podem ser devidamente armazenadas por até 14 dias, facilitando as cirurgias de transplante. Atualmente, o estado conta com 27 unidades transplantadoras.

Banco de Olhos – Parceria entre o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) e o PET, o Banco de Olhos conta, desde 2013, com estrutura capaz de filtrar todo o ar onde as córneas são processadas, além de área de segurança biológica superior a de um centro cirúrgico. Integrado ao Banco de Tecidos do INTO, o serviço foi o segundo do tipo a ser inaugurado no RJ e é considerado essencial para a melhoria do desempenho do estado na realização deste tipo de procedimento.

Para receber uma córnea, o paciente deve estar inscrito, através de um encaminhamento médico, na lista única que fica a cargo do PET. Uma equipe de transplantes credenciada ao Ministério da Saúde irá representá-lo e inscrevê-lo junto ao Sistema Informatizado de Gerenciamento (SIG), coordenado pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Automaticamente, o paciente terá o Registro Geral de Cadastro Técnico (RGCT), um número que o identifica e fornece informações importantes, como a situação na lista de espera. O critério de espera pelo transplante de córnea é cronológico, sendo determinado pela data de inscrição – ou seja, quanto antes do paciente for inscrito, antes será submetido ao procedimento. 


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