segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Vasco vai reservar cota de ingressos para dar a torcedores de baixa renda

Eurico Miranda diz que quer compensar aumento do preço dos bilhetes nos jogos do time



Com a justificativa de evitar uma exclusão dos torcedores de renda mais baixa dos jogos do clube — seja pela incapacidade de arcar com os preços ou de aderir ao sócio-torcedor, geralmente com mensalidades cobradas via cartão de crédito —, o presidente do Vasco, Eurico Miranda, anuncia uma tentativa de compensação inédita no futebol brasileiro, e que deve ampliar o debate sobre ingressos. O clube prepara a implantação de uma cota de bilhetes a cada jogo em São Januário para ser dado a torcedores que comprovarem ter baixa renda, nos moldes do programa Bolsa Família do governo federal.

— Estou pensando numa fórmula... Tipo o Bolsa Família, do torcedor se cadastrar e ter direito ao ingresso. Claro, com um limite, separando uma quantidade para isso. O torcedor comprovaria sua renda no cadastro e nós daríamos o ingresso — contou Eurico — Tenho que arrumar uma maneira de não marginalizar a camada popular, o Vasco é um clube popular. O preço teve de ir mais lá em cima este ano. De certa forma, vou penalizar a classe privilegiada. Se não aderir ao sócio-torcedor, vai pagar um preço alto.

Uma das polêmicas que precederam o Campeonato Carioca de 2015, o debate sobre ingressos opôs Flamengo e Fluminense, que desejavam liberdade para definir seus preços, a Vasco e a Federação (Ferj), que defendiam um tabelamento que impusesse bilhetes mais baratos. Um dos argumentos da dupla Fla-Flu era que seus programas de sócio-torcedor impeliam um valor mais elevado às entradas, para manter atraente o plano de associação, cujo principal benefício é o desconto e compra antecipada dos bilhetes.

Um ano se passou e o clube cruzmaltino se dobrou a esta lógica, ainda que haja vozes que a questionem no debate sobre o preço dos ingressos no futebol brasileiro. Se as entradas dos jogos do Vasco em 2015 custavam R$ 15 contra pequenos, para esta temporada o preço mais que triplicou, ficando a R$ 50 — contra o Flamengo custou R$ 80 a entrada inteira de arquibancada. Eurico admite que o iminente lançamento do sócio-torcedor vascaíno (previsto para 28 de março e que já tem 20 mil pré-cadastrados) motivou a superinflação em São Januário, mas se diz insatisfeito com o aumento que impôs aos torcedores.

O dirigente dá de ombros a questionamentos sobre um possível caráter paternalista do programa, usando ativos do clube. Nos anos 1990, no esteio de uma década vitoriosa do Vasco nos gramados, Eurico foi duas vezes eleito deputado federal, com o discurso de defender o clube no Congresso Nacional. Agora, sua única preocupação é viabilizar legalmente a medida. Ele diz que ainda não definiu a quantidade de ingressos a ser separada para esta cota e nem de quanto será o teto de rendimento de um vascaíno para que tenha direito ao benefício.

— Estou avaliando ainda, tem que adequar às legislações de consumidor, do esporte, mas não creio que haverá problema.



OGlobo

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