Dona Sebastiana tem 77 anos
e morou mais da metade de sua vida na zona rural de Itaperuna, município do
Noroeste-Fluminense, e nunca teve oportunidade de aprender a ler e escrever.
Apesar de a vida não lhe ter sido tão generosa por causa das dificuldades, ela
não deixou de acreditar que sempre é tempo de conquistar seus objetivos. Ela
foi uma das alunas da turma de letramento de Rio das Ostras e relatou a emoção
de escrever, pela primeira vez, um cartão de aniversário para o filho.
“Meu filho é tudo para mim.
Não contei para ninguém que ia escrever um cartão para ele. Quis mostrar que eu
havia melhorado minha escrita e que já tinha me tornado independente. Não
consigo explicar minha emoção. Parece que estou redescobrindo o mundo”, contou
Dona Sebastiana.
As turmas de letramento são
oficinas desenvolvidas pela Prefeitura de Rio das Ostras, no Centro do Idoso,
que acontecem no Parque da Cidade, em Nova Cidade. Apesar de o objetivo ser
ensinar a conhecer melhor o mundo da leitura e dos números, também tem o compromisso
de sociabilização, ajudando os idosos a desenvolverem a memorização e a
interagir mais com a sociedade.
“É muito desafiador
trabalhar com os idosos, porque eles trazem muitos conceitos prontos da vida e
daquilo que acham que é certo. Aprendo muito com eles, todos os dias, com as
histórias que nos contam sobre a vida sem o mundo da escrita”, relata Rosângela
Santana, uma das professoras.
E as histórias são muitas,
desde a superação de uma depressão por perda de parentes próximos até a alegria
de pequenos gestos como anotar uma receita e saber dar e receber o troco.
Sociabilização, conhecer melhor a interpretação de textos e estreitar novas
amizades, são benefícios concretos trazidos pela oficina de letramento.
SUPERAÇÃO –
Marina Serra é uma das mais idosas da oficina e quando chegou era tão inibida
que não conseguia, ao menos, dizer “bom dia” ou “oi”. “Eu tinha muita
dificuldade de conversar porque era bastante tímida. Aqui aprendi a conversar
melhor com meus colegas e o melhor, agora sei anotar minhas receitas, anotar as
das minhas colegas e acertar meus pratos, que faço com tanto carinho para meus
netos”, relatou.
Há um ano participando da
oficina, Dona Maria das Graças, de 67 anos, conheceu o projeto na Igreja,
quando uma colega sugeriu melhorar a leitura para se aprofundar nos estudos
bíblicos. De lá para cá foram muitas descobertas.
“Eu sabia ler algumas
coisas, mas eu não tinha nenhuma habilidade para escrever. Além disso, ganhei
uma nova família aqui no letramento. A gente ri, conta nossos problemas e vamos
escutando os conselhos dos colegas de turma. Não penso em sair daqui”, contou.
CERTIFICADOS – Na última sexta, 4,
104 participantes das oficinas de memorização e letramento, do projeto Feliz
Idade, receberam certificados de conclusão. Participaram da entrega a secretaria
de Bem-estar Social, Rose dos Santos, a coordenadora do Centro do Idoso,
Valdirene Vieira, e a coordenadora do projeto Feliz Idade, Cristiane Reis.
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